Produtores da agricultura familiar reclamaram, por meio da Federação de Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (Fetraf-RR), das condições precárias das vicinais de diversas regiões do Interior do Estado. Os problemas citados vão desde pontes danificadas a atoleiros e erosões que dificultam o transporte da produção.
Segundo a presidente da Fetraf-RR, Maria Alves da Silva, as vicinais sem conservação estão deixando muitos produtores isolados. Disse que a situação se agrava diante dos problemas com baixa produção, decorrentes da última seca no Estado. “Além dos reflexos da seca, muitos ainda possuem dificuldade para escoar o que é produzido”, lamentou.
Maria considera de extrema necessidade a recuperação das vicinais e o incentivo por parte do Governo do Estado, pois os trabalhadores rurais enfrentam, além dos problemas com a última estiagem e o transporte da produção, dificuldades com o agravo da crise econômica do país. “A falta de incentivo e as plantações em baixa são um problema, porque afeta o bolso do agricultor, principalmente agora, no atual cenário de recessão do Brasil”, disse.
Ela denunciou que as vicinais mais precárias estão próximas aos municípios de Amajari, Norte do Estado, e Iracema, Centro-Sul. Nas estradas de regiões próximas às cidades de Caroebe, São João da Baliza e São Luiz do Anauá, no Sul de Roraima, a situação é a mesma. Em Amajari, segundo Maria, possui uma das condições mais preocupantes. “Naquele município, a pior vicinal é do Projeto Bom Jesus”, reclamou a presidente.
“Lá, por ser região de serra, a água que escorre causa grandes erosões que impedem o tráfego. Por isso, o ônibus escolar não está tendo acesso para fazer o transporte das crianças”, reclamou, ao dizer que a lama, atoleiros e pontes quebradas são um problema recorrente que impedem o desenvolvimento da agricultura e, consequentemente, o desenvolvimento econômico do Estado.
“Se tivermos condições de escoar a produção, os resultados negativos afetarão a todos”, considerou Maria, ao afirmar que os municípios receberam maquinários como caminhões caçambas, motoniveladoras e retroescavadeiras, porém não estão sendo utilizadas para melhorias das vicinais. “Os equipamentos são originados de um convênio entre os movimentos sindicais de agricultores e a Delegacia da Federal da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário. O maquinário está sendo utilizado para interesses próprios”, afirmou Maria.
Ela reconhece que o Estado realiza incentivos, porém os considera insuficientes ou equivocados. Com relação aos técnicos agrícolas disponibilizados para prestar orientações aos produtores sobre o uso da terra, disse que são poucos profissionais para atender a demanda do Estado. “Tem lugares que eles não visitaram, pois são muitos trabalhadores rurais e poucos técnicos. Além disso, a precariedade das vicinais também é obstáculo para que possam realizar as visitas”, relatou.
Referente às cacimbas construídas pelo Estado para amenizar problemas com possíveis épocas de estiagens, a agricultora considera que não são uma alternativa eficiente. “As cacimbas secam na época do verão”, disse ao indicar poços artesianos como solução. “Os poços não secam. Isso que deveria ser construído”, concluiu. (A.D)
Governo garante disponibilizar caminhões para escoar produção
A Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio de nota, disse que entende que o período chuvoso afeta vicinais e rodovias em todo o Estado, dificultando o trânsito de veículos de pequeno porte em determinadas localidades, que prejudica também, em alguns casos, o escoamento da produção da agricultura familiar.
Para evitar maiores prejuízos ao homem do campo, a Seapa informou que disponibiliza um caminhão para que a mercadoria chegue ao seu destino de comercialização, seja ele a sede do município de origem ou Boa Vista. “Para ter acesso a este serviço o agricultor deve procurar a Casa do Produtor Rural (CPR) de sua região e fazer a solicitação”, recomenda a nota.
Esclarece ainda que o produtor conta com os serviços de assistência técnica e extensão rural disponíveis nas 34 CPRs presentes em todo o Estado. “Neste espaço, eles podem elaborar projetos para o desenvolvimento de atividades agrícolas nas suas propriedades, bastando apenas fazer a solicitação”, complementa.
Desde o início de 2015 o Governo do Estado, por meio da Agência de Fomento do Estado de Roraima (Aferr), liberou R$ 1,6 milhão em crédito para o setor produtivo, incluindo pequenos produtores.
Em relação às condições das estradas no município de Amajari, a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinf) informa que a responsabilidade pela manutenção de vicinais é do município onde ela está localizada. “O Estado intervém na recuperação de vicinais apenas quando existe uma demanda do município, o que no caso específico da vicinal do Projeto Bom Jesus não ocorreu”, esclarece ao afirmar que o Governo do Estado vem trabalhando incessantemente no sentido de garantir a trafegabilidade da população e o escoamento da produção.
No entanto, lembra a nota, “devido à grande quantidade de pontes de madeira existentes no Estado, quase 2.500 pontes, e à precariedade em que elas se encontram e, considerando também que as vicinais são de competência dos municípios, o Estado vem priorizando a reconstrução delas, sobretudo aquelas que foram queimadas durante a estiagem ou caíram durante o inverno”, garante a nota, ao destacar que esse processo demanda tempo e disponibilidade de recursos financeiros, e que o Governo tem trabalhado para resolver todas as reivindicações da população. (A.D)