O valor da cesta básica aumentou 12,66% nos primeiros seis meses do ano em Boa Vista de acordo com pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Nesse período, diversos produtos alimentícios foram responsáveis pelas altas nos preços, com destaque para o feijão carioquinha, que sofreu reajuste de 45,62% apenas em mês de junho, enquanto o preço dos demais produtos básicos teve elevação de 3,30%.
Atualmente, para adquirir a cesta básica, o trabalhador precisa desembolsar R$ 409,97, o que representa quase 50% do salário mínimo, hoje avaliado em R$ 880,00, e trabalhar 103 horas mensais, enquanto que em maio eram necessárias cerca de 99 horas. A pesquisa para identificar oscilações de preços vem sendo realizada desde janeiro em Boa Vista. Durante o levantamento, apenas em março houve decréscimo de 7,5% nos valores dos itens avaliados, como farinha, tomate e café.
No entanto, a deflação apresentada naquele mês não foi suficiente para equilibrar o índice inflacionário do primeiro semestre, pois os demais meses de 2016 apresentaram altas consideráveis nos preços, como a elevação de 7,15% em janeiro e 3,13% em maio. Segundo a economista do Dieese em Roraima, Adisley Machado, em junho, a pesquisa foi realizada entre os dias 2 e 29, em 87 estabelecimentos comerciais de pequeno, médios e grande porte, como feiras, açougues, supermercados e padarias.
Nesse período, além do feijão, a farinha com aumento de 5,06%, e o arroz agulhinha com 4,41% se destacaram como os vilões da inflação. “Ainda não foi fechado o índice de aumento do arroz porque está sendo repassado ao consumidor, mas já apresentou considerável reajuste”, informou Adisley. Outros produtos também tiveram os preços reajustados em junho, como carne, com 1,03%; açúcar, com 2,30%; e o café, com 1,47% de aumento. Houve queda nos preços para o tomate, com redução de 1,22%, e 1,71% para o óleo de soja, no entanto, não sendo suficiente para equilibrar a inflação.
Quanto ao feijão, Adisley disse que o alto reajuste ocorreu em todo o Brasil. Além das condições climáticas, ela disse que outro fator contribui para o aumento no preço do grão. “Os produtores estão optando por plantar soja por ser mais rentável, e também devido à elevação dos custos para a produção do feijão”, disse a economista ao frisar que atualmente o trabalhador paga pelo quilo do produto entre R$ 10,00 e R$ 11,00, sendo que nos meses anteriores poderia ser adquirido por R$ 5,00 ou R$ 6,00.
Boa Vista é a 13ª capital com cesta básica mais cara
O reajuste no preço da cesta básica ocorreu em quase todas as capitais do Brasil no mês de junho. De acordo com a economista do Dieese em Roraima, Adisley Machado, as capitais que apresentaram maior custo foi São Paulo (SP), com cesta básica a R$ 465,03; e Florianópolis(SC), com o valor R$ 463,24.
Entre janeiro e junho de 2016, as maiores variações foram observadas em Goiânia (GO), com aumento de 25,59%; Aracaju (SE), com 23,22%; e Belém (PA), onde os produtos básicos aumentaram 23,22%. Os menores reajustes ocorreram em Manaus (AM), com 4,41%; e Curitiba, com 6,31%.
Segundo a pesquisa, Boa Vista foi a 13ª capital com a cesta básica mais cara entre as 27 capitais pesquisadas pelo Dieese.
Diante dos altos valores para a alimentação básica, Adisley lembrou que, constitucionalmente, o salário mínimo deve ser suficiente para suprir despesas de um trabalhador e sua família, com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. “Em junho deste ano, o salário mínimo para manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.940,24, ou seja, 4,48 vezes maior que piso vigente atualmente”, frisou Adisley.