Vendedores e produtores rurais foram ontem à Praça do Centro Cívico realizar uma manifestação sobre a situação da Feira do Produtor, localizada no bairro São Vicente, zona Sul, para chamar atenção sobre a decisão judicial, de autoria do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), que mandou interditar aquele local. De acordo com o MPRR, desde 2002 o Governo do Estado não cumpre sua responsabilidade com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) visando realizar obras de reforma e manutenção da feira.
Segundo o comerciante Aleomar, um dos organizadores da manifestação, a mobilização teve por objetivo cobrar do governo a melhoria da estrutura do local e pedir a não interdição. “Durante o entrave entre o Ministério Público e o Governo do Estado, fomos os únicos a não ter vez. Vemos a manifestação como a única forma de mudar isso. O Estado se mostrou omisso e irresponsável durante os cinco anos que estou aqui. Os maiores atingidos somos nós. Esperamos a sensibilização do juiz que decretou a interdição para que não a feche completamente, e sim parcialmente”, disse.
O adjunto da Secretaria Estadual de Agricultura (Seapa), Wolney Costa, esteve presente no manifesto para ouvir as reivindicações e prestar esclarecimento sobre as medidas tomadas pelo governo. “Propomos, por meio da Procuradoria-Geral do Estado, que suspenda a interdição devido ao cumprimento de 80% do TAC. Já temos processos abertos para a reforma do galpão das bananas, frutas, peixe, carne e dos banheiros.
Estávamos procurando recursos para essa realização. Estamos trabalhando para que seja atendido agora”, frisou.
Com 45 anos de Roraima e 17 anos de Feira do Produtor, o feirante Manoel Batista se emocionou ao expressar sua indignação. “Não aprendemos a pedir as coisas. Estamos aqui para trabalhar e seremos prejudicados.
Ninguém fez uma reunião para explicar a situação, só chegaram aqui na última hora. Eu me pergunto se a Justiça acha melhor as pessoas trabalharem e viverem honestamente ou estarem roubando na rua como tantos outros?”, questionou.
De acordo com o produtor Nildo Ribeiro, a interdição afetará mais de mil produtores que não têm onde armazenar a mercadoria. “O supermercado não pega tudo. Abastecemos muito a feira. O governo não deu a opção de um local provisório, caso haja a interdição. Precisamos dela para sobreviver. Espero que o Ministério Público atenda ao nosso pedido e que seja permitido que fiquemos, mas que o governo também agilize a reforma”, disse.
GOVERNO – Durante a tarde de ontem, foi realizada uma reunião na Procuradoria-Geral do Estado com representantes da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer), Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e feirantes, buscando soluções para a não interdição da Feira do Produtor. Foram levantados pontos acerca da área de açougue, limpeza dos banheiros, dejetos e escoamento.
De acordo com o procurador-geral do Estado, Venilson Batista, alguns pontos serão divididos entre governo e feirantes. “Alguns compromissos estão sendo assumidos pelos feirantes, como a limpeza. O Estado fica responsável em prestar diligências e criar projetos para uma reforma posterior. Levaremos os elementos ao Tribunal de Justiça de Roraima na tentativa que a liminar seja revogada. Não é nada certo, mas atuaremos para a manutenção desses empregos e geração de renda”, relatou. (A.G.M)