Prédios públicos e imóveis particulares abandonados se tornaram sérios riscos para os boa-vistenses, inclusive nas áreas centrais da Capital, onde circulam muitas pessoas diariamente. Sem segurança e com fácil acesso, além do sério problema para a saúde pública, pois servem de criadouros de mosquitos, esses locais têm atraído usuários de drogas e criminosos, acarretando medo aos moradores e trabalhadores dessas regiões.
O perigo para a segurança foi comprovado nesta terça-feira, quando ocorreu um caso de estrupo de uma garota de 15 anos, no bairro São Francisco, zona Norte da Capital. O crime aconteceu em plena luz do dia, por volta das 14h, em uma área onde há movimento de automóveis e pessoas constantemente. Mas existem vários locais onde os riscos são constantes.
O prédio da antiga Escola Estadual Professor Diomedes, por exemplo, que fica na rua de mesmo nome, no Centro, tem preocupado a população há mais de quatro anos. “A situação é de total insegurança. O lugar está desde 2011 colaborando com o aumento de roubos na vizinhança, servindo de abrigo para os bandidos, onde eles podem observar toda a movimentação”, ressaltou uma moradora da região, que preferiu anonimato. O imóvel onde funcionava o Palácio Latife Salomão, na Avenida Glaycon de Paiva, Centro, também se encontra na mesma situação.
“Sobretudo, os dois lugares são um perigo para os alunos do Colégio Colmeia, que fica praticamente no meio dos dois terrenos”, comentou o morador. “Na verdade, o bairro inteiro sofre com esse problema. Nós vemos diariamente que há usuários de drogas e desocupados nesses locais”, acrescentou.
O cenário se repete no prédio onde funcionava a sede da Secretaria Estadual de Administração (Segad), na Rua General Penha Brasil, São Francisco, ao lado do Colégio Objetivo Makunaima. Sem nenhuma segurança, o lugar tem atormentado os moradores. “Eu estava caminhando quando fui assaltada em frente ao prédio, que é vazio e não tem iluminação durante a noite. Minha família tinha o hábito de conversar em frente de casa, o que não acontece mais por conta do perigo”, relatou Isadora Corrêa, que reside na mesma via.
Em nota, o Governo de Roraima, responsável pelo abandono das instituições citadas, disse que todas as secretarias e prédios públicos estaduais estão recebendo serviços de limpeza e manutenção. “Dessa forma, estão sendo adotadas providências para que as estruturas sejam resguardadas”, ressaltou. Entretanto, não se pronunciou sobre a segurança nos locais.
MAIS PRÉDIOS – Outra situação de abandono é encontrada no antigo prédio da Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal), situado na Avenida Capitão Júlio Bezerra, bairro 31 de Março, zona Norte. A comerciante Jéssica Alencar, que possui uma lanchonete em frente ao local, disse que o perigo é eminente. “É muita insegurança, principalmente após esse caso de estupro que nos surpreendeu”, comentou referindo-se ao caso da adolescente de 15 anos.
Segundo ela, aconteceram alguns crimes na parada de ônibus ao lado de seu estabelecimento comercial, que também sofreu com a ação de ladrões. “Já fomos roubados duas vezes. Além disso, uma moça foi assaltada enquanto esperava o transporte público no domingo, quando tem menos movimento”, afirmou. “Pedimos ao poder público que tome providências, pois esse cenário só traz insegurança a nós”.
Em novembro do ano passado, a Prefeitura de Boa Vista anunciou que o local abrigaria a nova sede da Secretaria Municipal de Segurança e Trânsito (Smtran). No entanto, nada foi feito até o momento. Em nota, a Prefeitura afirmou que a liberação oficial do prédio só ocorreu este ano e que imediatamente foi dado início ao processo licitatório, que irá realizar as fases de documentação, projetos e orçamentos nos próximos dias.
Segundo a nota, o processo licitatório obedece a regras rígidas, com prazo de recursos e demais etapas regidas pela Lei das Licitações. “A obra contemplará a readequação e construção de um projeto moderno e arrojado. Por enquanto, está sendo feita a limpeza na área externa, enquanto não começam as obras, que estão previstas para o final de maio deste ano”, frisou.