Cotidiano

Seca provoca aumento de preço de produtos

Estiagem atingiu o plantio de frutas e hortaliças, que podem começar a faltar no mercado se não chover em dezembro

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Roraima vem enfrentando vários problemas devido ao período de forte estiagem. A seca dos rios e igarapés prejudica a produção de frutas e hortaliças e, com isso, o preço dos produtos no mercado tem aumentado. O produtor Gilmar Santos, há mais de 30 anos cultiva 31 variedades de frutas e legumes em Boa Vista, no Município de Mucajaí, a Centro-oeste do Estado, e na região da Serra Grande, no Município do Cantá, a Centro-leste.

Segundo ele, ainda estamos no início do verão e alguns igarapés já estão secando, por isso a preocupação é grande. Caso não chova no mês de dezembro, provavelmente irão faltar vários produtos, dentre eles o tomate e a pimenta de cheiro, que estão comprometidos em suas lavouras.

Devido à estiagem e as dificuldades enfrentadas pelos produtores, os preços estão aumentando. “Em relação ao período de inverno, o limão sofreu reajuste de 300%. A saca do produto passou de R$ 25,00 para R$ 100,00. A unidade da melancia aumentou 50%, passando de R$ 10,00 para R$ 15,00. Mamão e abóbora, que custavam cerca de R$ 0,70 o quilo, estão sendo vendidos por R$ 2,00”, frisou.

Santos pediu apoio do Governo do Estado. “Infelizmente, não contamos com ajuda governamental nessas situações. No entanto, sem produção, não há comida na mesa do cidadão. O pequeno produtor necessita de incentivo, pois não temos condições de arcar com despesas relacionadas, por exemplo, ao aluguel de retroescavadeiras para a construção de reservatório próximo ao curso dos rios”, disse.

Gerente de um supermercado local, Walquimar Rabelo confirmou o aumento de preços. “É a chamada lei da oferta e procura. Ou seja, quando um produto está escasso, a tendência é aumentar o seu valor”, disse, acrescentando que, com a seca, os reajustes serão inevitáveis.

ALTERNATIVA – O horticultor José Rimualdo disse que sua produção não será afetada porque investiu na garantia de água para irrigação. “Implantamos poços artesianos dentro das hortas para manter a irrigação frequente e eliminar os efeitos da estiagem”, disse.

Segundo ele, alface, cheiro-verde, salsa, maxixe e quiabo, alguns dos produtos que ele vende, não tiveram aumento de preço. “Além disso, estamos mantendo o preço devido à atual situação econômica do País, já que muitas pessoas optam por economizar e buscam produtos acessíveis financeiramente”, frisou.
 

Estiagem também afeta oferta de peixe regional

A forte estiagem de 2015 tem afetado vários setores produtivos no Estado. A produção de peixes regionais, por exemplo, é a que mais tem sentido os efeitos da falta de chuvas. Com o rio cada vez mais seco, muitos pescadores estão sentindo dificuldades em abastecer os mercados da Capital.

Há 36 anos trabalhando com a venda de pescados, a comerciante da Feira do Produtor, no bairro São Vicente, na zona Sul, Maria Marta de Souza, 52 anos, disse que é comum haver queda na oferta em época de estiagem, porém, este ano, a situação piorou. “Como o setor produtivo é muito dependente do clima, os mercados geralmente sofrem uma redução na oferta de peixes em tempos de estiagem, principalmente os regionais. Mas eu tenho que admitir que a situação está bem complicada este ano, porque muitos pescadores alegam que, por conta da seca do Rio Branco, eles estão tendo dificuldades em trazer a produção para cá”, comentou.

Para compensar a falta do peixe regional, a solução do estabelecimento tem sido investir na compra de pescado de fora. “Aqui, pelo menos, as espécies mais em falta estão sendo o aracu cabeça-gorda e a matrinxã regional, que são comercializadas a R$ 10,00 o quilo. Para compensar isso, a gente está comprando muito peixe de criatório daqui e de Manaus. Pesa um pouco no orçamento, mas a gente mantém o mesmo preço, até para não espantar o freguês”, disse.

A situação também não difere muito dos comerciantes do tradicional mercado de peixe da área Caetano Filho, o Beiral, localizado no Centro. Segundo Manoel Amaral, o consumidor tem reclamado bastante da falta de opção no mercado e o jeito é tentar fisgá-los como se pode. “A gente tem tentado, ao máximo, buscar abastecer o mercado com o que tem. Só para se ter uma ideia, as espécies mais em falta aqui estão sendo a matrinxã e o filhote, que, quando chegam, se esgotam muito rápido. Todo mundo aqui tem mantido o mesmo preço, mesmo com a escassez, mas a solução é esperar que caia uma chuva para aliviar a situação”, destacou.  

Segundo o presidente da Colônia de Pescadores Z1 de Roraima, Raimundo Sobrinho, a diminuição na oferta de peixes regionais já está na casa dos 30%. Um percentual expressivo e que tem preocupado a entidade. “Pelo que vejo, esta estiagem está sendo a pior em anos. No ano passado, nós tivemos algumas dificuldades que puderam ser superadas, mas nada comparado ao que está acontecendo agora”, frisou.

Atualmente, segundo ele, o Estado conta com cerca de nove colônias de pescadores e três associações. Somente na Z1, são mais de 1.200 pescadores atendidos. (M.L)

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