Síndrome de Down
“Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor.” (Efésios 6:4)
Na síndrome de Down ocorre uma alteração genética que ocasiona a trissomia do cromossomo 21. Essa síndrome não tem cura e a pessoa nasce com algumas características e são elas as seguintes: olhos oblíquos; rosto arredondado; orelhas pequenas; diminuição do tônus muscular; dificuldades motoras como, por exemplo, mastigar e deglutir; atraso na articulação da fala; pode ocorrer problema cardíaco; língua grande; mãos pequenas e dedos curtos; em geral a estatura é baixa; há tendência à obesidade, diabetes e hipotireoidismo; algumas crianças podem nascer com problemas gastrointestinais; a articulação do pescoço pode apresentar certa instabilidade, podendo ainda ocorrer deficiências auditivas e de visão.
A pessoa que nasce com síndrome de Down tem risco de desencadear infecções, leucemias, comprometimento intelectual e aprendizagem mais lenta, por isso é essencial que as crianças com essa síndrome sejam acompanhadas por um médico para serem diagnosticadas desde cedo por quaisquer anormalidades como, por exemplo, cardiovasculares, gastrointestinais, endócrinas, auditivas e visuais, pois o tratamento precoce melhora a qualidade de vida delas e, por isso, elas sempre precisarão de um acompanhamento médico para avaliação geral, a fim de monitorar o surgimento de fatores como: obesidade, ou qualquer outra condição que exija atenção, como apneia do sono.
Devido a todos esses problemas, a estimulação precoce e os cuidados desde o nascimento, dessas crianças, é a forma mais eficaz de promover o desenvolvimento dos potenciais delas.
É preciso que os pais estejam também atentos quanto à possibilidade delas sofrerem discriminação e preconceito, tendo isso em vista, eles devem estar preparados para ajudar os filhos viver uma vida em harmonia, inclusive na escola, para não serem desrespeitados no ambiente escolar e nem em nenhum outro local onde estejam. Sendo assim, os pais de crianças com essa síndrome, devem ser bastante presentes na vida delas, inclusive não deixando de levá-las a outros profissionais de saúde como, por exemplo, fonoaudiólogo.
Marlene de Andrade
Médica formada pela UFF
Título em Medicina do Trabalho/ANANT
Perita em Tráfego/ABRAMET
Perita em Perícias Médicas/Fundação UNIMED
Especialização em Educação em Saúde Pública/UNAERP
Técnica de Segurança do Trabalho/SENAI-IEL
CRM-RR 339 RQE 341
O suco, a lágrima e a palavra
Walber Aguiar*
“Também pôs Deus a eternidade no coração do homem.” (Eclesiastes)
Naquele mês de julho fui apresentado a Paulo Sarmento na disciplina de Cultura brasileira. Baiano dando aula de um Brasil moreno, negro, índio, ainda cheirando a pelourinho e seus acarajés e abarás. A partir daí as sarmentices pareciam brotar do chão, tal qual a autenticidade daquele bom baiano.
O homem da antropologia, o cara que chegava franzino em sala com um caderno ou livro apenas, mais tarde seria um amigo das letras, um adepto da malandragem responsável, até porque os baianos fazem carnaval o ano inteiro por qualquer motivo.
Assim, apresentado ao mestre das histórias antropológicas e ao cunhadismo de Darcy Ribeiro, ao amor de Regina (sem cunhadismos) e às antropologices e tiradas filosóficas de Lévy-Strauss, restou uma amizade sem nenhum interesse, sem os olhos de cifrão, cheios de gananciosas remelas e dores consequenciais.
E quando estávamos todos enlutados, entre a realidade da ilusão e a geografia da morte, conheci um livro onde a jornada continua, onde figuram abordagens antropológicas, filosóficas e sociais, onde o autor mergulha profundamente na história humana, na odisséia dos pés descalços sobre a terra.
No entanto, um dos mergulhos mais inusitados reside naquilo que se entende e se vislumbra como eternidade e seus derivados terrenos e divinos. Onde um anjo se depara com limões e passa a dialogar com a transitoriedade, o limite e a fugacidade.
Assim, o anjo mostra uma espécie de angústia diante do sempre, do eterno, do infinito. Uma angústia parecida com a do demônio que não suportava a perspectiva da lembrança de que viveria para sempre num mar de perseguições, ódios e lamentos. Uma espécie de gastura existencial diante daquilo que nunca acaba, que vai durar para sempre.
Nessa ótica, o limão, em sua pureza cítrica, em sua geografia de extrema finitude e limitação, é tomado como alguma coisa boa, simples, singela, pelo mesmo fato de ter seu tempo de duração. Simplesmente, por ser algo que um dia acaba, mas vê seu papel cumprido, sua missão finda, sem ter que se preocupar com os quilômetros devoradores, numa estrada sem placas e sem qualquer tipo de fronteira.
O anjo saiu com as mãos cheias de limão, Sarmento com as mãos cheias de livros e eu com os olhos cheios de lágrimas, por me perceber confrontado com o transitório e o eterno, o rotineiro e o desconhecido. Um dia a gente abre essa cortina e descobre esse mistério. Enquanto isso, nos lambuzaremos com a pureza do limão e a solidão do espinho…
*Advogado, Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras E-mail: [email protected]
Construa com alegria
Afonso Rodrigues de Oliveira
“A educação não é uma questão de falar e ouvir, mas um processo ativo e construtivo”. (John D Wey)
Há um montão de pessoas que nos enganam com o falar, e muitas vezes com as atenções. Mas precisamos ser espertos. Precisamos estar atentos para não sermos enganados. E tudo faz parte da educação. Porque ela, a educação, é um processo construtivo. E somos nós os construtores. Então vamos fazer nossa parte em nós mesmos. Semana passada vivi um momento exemplar de como podemos ser felizes com acontecimentos que nos parecem preocupantes. Tudo é possível quando estamos preparados para tudo.
Não suporto o sedentarismo. Mas estou numa idade em que não vamos a lugar nenhum. Os filhos é que nos levam. E me levaram e lá fui eu para a festinha de aniversário de uma garotinha que adoro. O pai dela é uma pessoa que mora aqui do lado esquerdo do peito. Lá fomos nós. A festinha era num ambiente apropriado para tais eventos. E nessas horas me sinto feliz porque fui levado para a festinha. Porque se não me levassem eu não iria. E só quando você tiver minha idade é que vai entender o engodo de que estou falando. Mesmo porque você já terá vivido as muitas festinhas como aquela.
O que tínhamos de crianças correndo e gritando pelos corredores do salão não está no gibi. Estávamos degustando os petiscos para o apetite na hora do bolo, quando alguém falou:
– Ei… pessoal. Vamos cantar os parabéns!
Levantamo-nos e saímos para as palmas. Já estávamos todos em posições, quando aguém perguntou?
– Cadê a velinha?
O pai da garotinha tinha esquecido de levar a velinha do bolo. Rimos muito e voltamos para as mesas enquanto o paizinho ia buscar a velinha, em casa. Mas ele foi acompanhado de um dos filhos, comprar a velinha em um shopping. Não demorou e chegaram com muita alegria. E alguém perguntou:
– Cadê a vela?
– Ihhh… pai, ficou lá dentro do carro.
– Então vá pegar, filho! E rápido, rápido…
Dentro de poucos minutos estávamos batendo palmas, cantando parabéns e com muita alegria. Porque é assim. Nada de aborrecimentos nem críticas por acontecimentos que podem nos alegrar e nos tornar felizes. Vamos levar na brincadeira os tropeços que, na verdade não são tropeços. Os tropeços estão na falta de educação dos que não sabem viver, em vez de suportar, o que deve ser vivido. Tenho certeza que sempre que o pai da minha netinha chegar por aqui, alguém vai perguntar e rir:
– Oihh… trouxe a velinha?!
E com certeza, ele não vai se sentir ofendido. Sei o quanto ele é educado o suficiente para entender o bom da vida no que fazemos com amor. O Almir Mesquita sabe de quem estou falando. Pense nisso.
99121-1460
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