Cotidiano

Professores rejeitam projeto do governo

Ao apontarem uma série de discordâncias ao projeto do Governo do Estado, grevistas devem apresentar hoje uma contraproposta

Professores rejeitam projeto do governo Professores rejeitam projeto do governo Professores rejeitam projeto do governo Professores rejeitam projeto do governo

A greve dos professores está se aproximando dos 70 dias e continua sem data para encerrar. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter), o projeto de lei apresentado pelo Governo do Estado, na sexta-feira, 16, conteria varias irregularidades e não será aceito pela categoria. Após analisar o documento durante o final de semana, a entidade elaborou uma contraproposta que será entregue ainda hoje ao governo.

Conforme o presidente do Sinter, Ornildo de Sousa, o documento contém “muitas discrepâncias e deixa os professores em uma situação obscura”. “Nós realizamos a leitura com a categoria e encontramos muitas contradições. Foi elaborada, assim, uma contraproposta nossa com a orientação da assessoria jurídica do sindicato e entregaremos na audiência com representantes do governo”, explicou.

De acordo com o sindicalista e integrante do comando de greve, Reginaldo Carvalho, toda a categoria se mostrou contrária às mudanças apresentadas pelo governo, principalmente ao que se refere às mudanças na carga horária de trabalho. Ele relatou que o projeto apresentado pelo governo sugere que os professores possam se enquadrar em três jornadas de trabalho semanais, sendo de 25, 30 e 40 horas, porém, em todas elas os professores perdem algum tipo de benefício.

 “O projeto diz que o professor que optar por permanecer trabalhando por 25 horas semanais será enquadrado em estado de extinção, ou seja, não terá direito a progressões e nem a algum outro direito da carteira. Enquanto quem optar por 30 e 40 horas não terá direito à GID [Gratificação de Incentivo à Docência], que corresponde a cerca de 30% do salário”, frisou Carvalho.  

Outro ponto destacado pelo sindicalista foi quanto à especialização dos professores no exterior. Conforme ele, o governo assinala que, para poder ir a outro país, o professor deverá ter autorização dos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e do Tribunal de Contas do Estado. “O professor terá que tramitar um pedido administrativo em todos esses órgãos para poder ir para fora e estudar com seu próprio dinheiro, praticamente inviabilizando a qualificação do professor depois que entra no sistema de ensino”, detalhou.

Além disso, Reginaldo Carvalho destacou que o salário dos professores indígenas também sofre alterações com a proposta. “O documento apresenta uma tabela em que professores indígenas e da educação básica com o mesmo nível de formação receberiam salários extremamente diferentes. Na tabela do governo, um doutor da educação básica receberia R$ 1 mil a mais que um doutor da educação indígena. É inconcebível”, pontuou.

“Não para por aí. Existem outros atos inconstitucionais. Faltam o impacto orçamentário, a nota técnica da Seplan [Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento] e o parecer da Proge [Procuradoria-Geral]. Por isso acreditamos que um projeto de lei que não atende a esses requisitos não tramitará na Assembleia e vai acontecer o  mesmo do projeto anterior, que foi devolvido ao governo para ser reelaborado”, frisou Carvalho.

Para ele, a proposta atual é inferior à proposta apresentada no final do mês de setembro, que também foi rejeitada. “Hoje, com essa proposta, os professores perdem em qualquer escolha que eles façam”.

 O presidente do Sinter considerou que o Estado não tem se preocupado em discutir com a categoria e isto está prejudicando o final da greve. “Enquanto isso, na verdade, o governo não resolve o problema dos profissionais da educação e as aulas ficam suspensas. Sabemos que todos anseiam o final do movimento, mas precisaremos de mais tempo e ficaremos parados até o governo nos atender com seriedade”, disse Ornildo de Souza

GOVERNO – Questionado sobre a alegação dos professores de que a proposta não atende às demandas da categoria, o Governo do Estado limitou-se a informar, por meio de nota, que a governadora Suely Campos (PP) entregou a minuta do projeto de lei para alterações da Lei Estadual 892/2013 ao Sinter e que aguarda um posicionamento oficial da entidade para analisar as providências a serem adotadas. (JL)

Professores do interior paralisam e ameaçam voltar à greve de novo

Indignados com a proposta apresentada pelo Governo do Estado, os professores do interior paralisaram as aulas durante todo o dia de ontem. Conforme apurou a Folha, professores dos municípios de Caroebe (Sudeste do Estado), São João da Baliza, São Luiz do Anauá e Rorainópolis (todos no Sul do Estado) não ministraram aulas na maioria das escolas.

De acordo com o professor Antônio Carlos, de Caroebe, a análise da proposta do governo é negativa e irá prejudicar mais ainda os profissionais. “Em vez de melhorar, o governo piorou. Não aceitaremos que eles no tratem assim, de qualquer jeito. Paralisamos nossas aulas e, se na reunião desta terça-feira a governadora não apresentar uma proposta conclusiva, vamos aderir novamente à greve”, afirmou.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.