Liberdade vigiadaSou do tempo da máquina de datilografia, da máquina fotográfica com filmes, do telefone com fio, da pesquisa no Barsa, da consulta do dicionário, do telex, do fax, do gravador com fitas, da TV que precisava esquentar antes como se fosse ferro de engomar (aliás, o ferro de engomar era a carvão). Significa que sou de uma geração que passou por uma revolução sem precedentes, a começar pela morte da máquina de datilografia que foi substituída por computadores cada vez menores já ligados a uma internet que substituí o Barsa, o dicionário, o livro, o papel, os arquivos de aço… Até a forma de pensar mudou. Precisamos ser mais ágeis, mas críticos, mais dinâmicos, mais espertos, pois nem tudo que parece ser é o que realmente é. Passamos a viver outra dimensão, aquilo que existe, mas que não é mais possível ser visto.A internet hoje, com seus algoritmos, está nos emburrecendo e tapando nossa mente. Somos induzidos a ler e a se agrupar somente com aqueles que pensam iguais, como se os que pensam diferente fossem inimigos, tiranos ou ameaças mortais. Isso é um perigo. Pior: os racistas, xenófobos, preconceituosos, homofóbicos e nazistas se agrupam em redes afins pelos algoritmos, contaminado gente ainda em formação do caráter. E isso contribui para que essa afinidade cibernética crie uma bomba silenciosa. Estamos nos tornando uma grande massa manipulada e vigiada. Não é filme de ficção nem teoria da conspiração. É o mundo que existe, de fato, mas que não está aos nossos olhos. Por isso há a necessidade de sermos mais críticos e mais vigilantes. A grande rede nos monitora e nos manipula diariamente. Richard Stallman (El País, 25.11.16), guardião das essências do software livre, lembra que o Windows tem os malwares, que funciona como atividade maliciosa. O Skype serve para nos espionar. O sistema Android tem uma porta traseira e capacidade para fazer gerenciamento de direitos digitais (DRM),segundo ele, que toma nota do que cada usuário escuta. A Netflix é outro serviço que espiona o usuário.E ele diz mais: todo telefone celular tem uma porta traseira que permite trocar à distância todo o seu software. Essa porta é usada para transformar o telefone em dispositivo de escuta sem necessidade de fazer uma chamada. Mesmo que esteja desligado, sempre continua funcionando depois de modificado o sistema do telefone.Estamos em liberdade constantemente vigiada e sendo induzidos a ler e a se agrupar de acordo com os algoritmos. Somos manipulados a todo instante, por isso essa nova realidade exige que enxerguemos aquilo que não está aos nossos olhos. Senso crítico, é disso que estamos precisando mais que nunca.*[email protected]: www.roraimadefato.com
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