Cotidiano

Surto da febre chikungunya lota unidades hospitalares

Unidades de saúde do Estado receberam mais de 600 pacientes notificados com chikungunya no mês de junho

O surto da febre chikungunya em Boa Vista tem contribuído para a superlotação dos hospitais da capital. No Pronto Atendimento Airton Rocha, anexo ao Hospital Geral de Roraima Rubens de Sousa Bento, e no Pronto Atendimento Cosme e Silva, mais de 600 pacientes que deram entrada nestas unidades foram notificados com chikungunya por apresentarem sintomas compatíveis com a doença.

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net) apontam que 369 pacientes foram notificados com a doença no último mês no HGR. No Pronto Atendimento Cosme e Silva, a situação é semelhante, sendo 293 casos no mês de junho.

Conforme o diretor do Pronto Atendimento Airton Rocha, Douglas Teixeira, cerca de 80% dos pacientes recebidos pela unidade de saúde são casos que deveriam ter sido atendidos primeiramente nas unidades básicas. “Há sim uma sobrecarga no serviço, aumentando o consumo de materiais e medicamentos. Estima-se que a cada dez casos, oito poderiam ter atendimento prestado diretamente nos postos de saúde. A unidade não recusa atendimento aos pacientes, mas precisa priorizar os casos mais urgentes, que são a responsabilidade do Estado”, informou.

O mesmo vale para a dengue e a zika. “Os pacientes que possuem os sintomas destas doenças deveriam buscar atendimento nas unidades básicas de saúde e, se detectado sinais de alerta e agravos, este caso pode vir a ser encaminhado para as unidades de média e alta complexidade após o diagnóstico”, complementou Douglas.

As unidades de urgência e emergência utilizam o Acolhimento com Classificação de Risco baseado no protocolo internacional de Manchester, adotado como modelo pelo Ministério da Saúde. São priorizados no atendimento os pacientes classificados nas cores vermelho, laranja e amarelo (de urgência), como preconiza o Protocolo. Nos hospitais há uma demanda referente às cores verde e azul, de não urgência, e, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, estes pacientes deveriam buscar as unidades básicas de saúde para realizar diagnóstico, tratamento e acompanhamento clínico.

VIGILÂNCIA EM SAÚDE – Segundo a coordenadora geral de Vigilância em Saúde, Daniela Souza, houve aumento na incidência (casos/100 mil habitantes) de 5,1% em 2016, para 146% em 2017. A incidência, ou taxa de incidência, expressa o número de casos novos durante determinado período, em uma população sob o risco de desenvolver uma doença, no caso, as arboviroses (dengue, zika e chikungunya). O cálculo da incidência é a maneira mais comum de comparar a frequência das doenças em populações.

Ainda de acordo com Daniela Souza, o Estado tem desenvolvido estratégias para auxiliar no combate ao Aedes aegypti, bem como as articulações com o Corpo de Bombeiros e Exército Brasileiro, cedendo homens destas organizações para atuar como agentes de endemias na cobertura de visitas domiciliares, mas que a obrigação de executar as ações é dos municípios. “Contamos também com o apoio das pessoas em suas residências, evitando lixo, água parada e autorizando os agentes de endemias a entrarem nos domicílios para executar o combate contra o mosquito”, disse.

SINTOMAS – Febre Chikungunya é uma doença parecida com a dengue. O modo de transmissão é pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado e, menos comumente, pelo mosquito Aedes albopictus.

Os sintomas são semelhantes aos da dengue: febre, mal-estar, dores pelo corpo, dor de cabeça, apatia e cansaço. Porém, a grande diferença da febre chikungunya está no seu acometimento das articulações: o vírus avança nas juntas dos pacientes e causa inflamações com fortes dores acompanhadas de inchaço, vermelhidão e calor local.