Cotidiano

RR tem 11 etnias em 32 Terras Indígenas

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou fenômeno inverso da migração de indígenas

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou fenômeno inverso da migração de indígenas nas capitais brasileiras em estudo divulgado no ultimo dia 27 de junho.

O Atlas Nacional Digital do Brasil 2016 mostra que a população indígena passou a retornar às comunidades de origem, conforme registrado no Caderno Temático: Populações Indígenas.

Quase 900 mil pessoas se declararam indígenas no país, de acordo com o último Censo do IBGE (2010).

Informações da Fundação Nacional do Índio (Funai) apontam a existência de 11 etnias divididas em 32 Terras Indígenas regularizadas em Roraima.

Outras duas TI’s estão em fase de estudo, como a Pirititi, em Rorainópolis, e Waimiri-Atroari, na divisa com o Amazonas, ambas localizadas ao Sul do Estado.

Para o coordenador do Núcleo Insikiran da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Jonildo Viana, esse fenômeno é perceptível dentro e fora do Estado e tem características antropológicas: “os indígenas se perceberam marginalizados na cidade, ou seja, não confortáveis dentro dessa estrutura urbana”, explica.

Ele ressaltou que essa migração ganhou força na região Norte, principalmente em Roraima. Um dos fatores, para ele, é o investimento na Educação.

“O Governo Federal e os governos estaduais proporcionaram diversos cursos para professores para que estes fossem protagonistas da formação, uma perspectiva diversificada”, ressaltou.

Viana cita a realidade encontrada na UFRR, com a disponibilização de ensino superior voltado aos indígenas, sendo a primeira instituição federal a ter cursos de graduação específicos para essa população.

Em 2016, o Insikiran completa 15 anos de implantação e mantém em sua grade o curso de Licenciatura Intercultural, com 13 anos, e com a formação de mais de 200 professores nas áreas de Ciências da Natureza, Ciências Sociais, Comunicação e Arte.

“Inclusive termos professores indígenas que fazem mestrado e doutorado em universidades dentro e fora do Brasil”, esclareceu.

No curso de Gestão Territorial Indígena trabalha-se a questão do território em si e das necessidades ligadas ao desenvolvimento daquela área. O recém-implantado curso de Gestão de Saúde Coletiva Indígena visa a formação de gestores para Saúde diferenciada.

Além disso, a UFRR oferta um Processo Seletivo Indígena (PSEI) que oportuniza o ingresso dos indígenas aos demais cursos da UFRR.

“Então, o objetivo é fazer, de fato, com que a política de inclusão seja efetivada e que eles sejam subsidiados dessa formação, desses elementos e, sobretudo, relativizando o conhecimento científico com conhecimento tradicional da realidade”, concluiu Viana.

Para a deputada Lenir Rodrigues (PPS), atuante nas causas indígenas em Roraima, principalmente no que tange a educação, esse fenômeno antropológico é importante ao Estado. Ela também reconhece que o processo educacional contribuiu para efetivação dessa migração, pois os professores, após receberem capacitação necessária, retornam às comunidades e contribui para permanência de crianças e adolescentes.

“É um processo de educação diferenciada, intercultural, bilíngue e comunitária”, complementou a parlamentar ao afirmar ainda que esse processo fortalece a democracia nas tomadas de decisões importantes.  Atualmente, pouco mais de 2,5 mil professores atuam na área indígena, conforme informações da Secretaria Estadual de Educação e Desporto (SEED). Neste quadro, 1.989 são professores temporários contratados mediante seletivo, 523 são efetivos e 47 destes docentes pertencem a União.

Com informações da Secom-Ale