Cultura

Médico explica como identificar os sintomas da doença

Apesar de cada vez mais conhecido pelos profissionais de saúde e pela população geral, ainda existe muita dúvida e preconceito envolvendo os transtornos alimentares. De acordo com o médico endocrinologista César Penna, as famílias ainda não sabem como lidar com pessoas com essa condição. 

“Em algumas situações podem desacreditar na doença e achar que se trata de “frescura, falta de vontade de melhorar, pra chamar a atenção etc.”, e em outras podem valorizar indiretamente a doença, com elogios em relação à perda de peso, por exemplo, sem que se tenha ideia de como essa redução de peso ocorreu e os males que a paciente precisou se submeter para atingir tal. Ao mesmo tempo, a cobrança cultural por um corpo “perfeito” é um fator que pode contribuir para o desenvolvimento da doença”, explica o médico.

O médico explica que os transtornos alimentares são caracterizados por uma perturbação persistente na alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação.

Segundo ele, os sintomas resultam no consumo ou na absorção alterada de alimentos e que compromete significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial.

“Sabemos da existência dos transtornos alimentares. Quando pensamos neles, logo imaginamos a anorexia e a bulimia nervosa, os mais conhecidos. Mas há um grande número de outros transtornos de alimentação que também são graves”, informa.

Desde a publicação da 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais em 2013, as opções diagnósticas foram ampliadas em função de diferenças em aspectos psicológicos, comportamentais e principalmente em termos de curso clínico, desfecho e necessidade de tratamento.

Algumas características podem ajudar na detecção dos transtornos alimentares. “É preciso ficar atento à referência a exageros alimentares ou episódios recorrentes de compulsão alimentar, especialmente quando angustiado; outro sinal é expressar culpa ou vergonha da sua alimentação;

Sensação de perda de controle e comportamentos alimentares estranhos”, explica o médico.

O tratamento visa recuperar a saúde física e mental do indivíduo. Para isso, é necessário o tratamento multidisciplinar, com participação mínima de médico, nutricionista e psicólogos especializados.

O ideal no tratamento de qualquer transtorno alimentar é que haja intervenção de uma equipe multiprofissional, envolvendo pelo menos um médico, um nutricionista e um psicólogo. Assim, serão atendidas todas as necessidades da pessoa nessa condição.

O foco é compreender a causa desse distúrbio e tentar restaurar o equilíbrio na saúde alimentar e emocional do paciente.

“Ao longo do processo de tratamento o paciente precisa eliminar os comportamentos que levam a perturbações fisiológicas; corrigir sequelas em função da restrição, compulsão e purgação; desenvolver estabilidade emocional, autoestima, habilidade social e boa relação com seus corpos; além de aprender a criar uma alimentação saudável, equilibrada, sem restrições e sem exageros, e que respeite os sinais de fome, saciedade, situações sociais, vontades e relações afetivas”, finaliza o médico.

Algumas características podem ajudar na detecção dos transtornos alimentares:

Queixas de náusea ou plenitude gástrica mesmo quando come quantidades normais de alimento;

Exercício excessivo ou manter-se ativo de forma excessiva;

Uso de métodos compensatórios inadequados;

Relato de consumo excessivo de alimentos sem ganho de peso compatível;

Se pesar com muita frequência;

Excessivo foco no peso e/ou aparência física;

Esconder alimentos ou dividi-los em pequenas porções;

Mastigar lentamente pequenas porções de comida;

Evitar comer na presença de outras pessoas;

Acreditar que os alimentos consumidos se transformam imediatamente em gordura corporal;

Evitar grupos alimentares específicos (vegetarianismo, macrobiótica, sem lactose, sem glúten, sem gordura, low carb etc.);

Necessidade de ir ao banheiro logo após se alimentar;

Em qualquer uma das condições o tratamento deve ser iniciado assim que identificado. Quanto antes o paciente se submeter ao tratamento, melhor é o prognóstico e menor o tempo de tratamento.