Opinião

Opiniao 09 07 2018 6536

Caiu de vez – Tom Zé Albuquerque*

A desonestidade tem virado regra no Brasil. A corrupção um grande, rentável e sólido negócio no país do futebol. O distanciamento entre aquilo que é privado e o necessário ao coletivo se agiganta na nação verde e amarelo. Burlar, de raro ficou comum. É a involução às claras de uma sociedade despreocupada com o crucial e desprovida de senso crítico.

Nesse prumo, em todos os flancos sociais, lá estão as características comportamentais de boa parte do povão: levar vantagem em tudo, desrespeitar leis, trapacear, induzir ao erro, camuflar verdades… é o famigerado “jeitinho brasileiro” que muitos alegam, pasmem, ser algo normal e típico da cultura brasileira; uma franquia nacional. Eis, pois, uma total aberração que poucos combatem e expurgam, dada a tentação nauseante de muitos brasileiros em quererem conquistar seus desejos mais íntimos sem esforço ou mérito.

E o holofote, dessa vez, tem virado para um personagem caricaturizado chamado Neymar. Em verdade, um jogador de futebol enlatado pela mídia, que até hoje tem feito mais mal que bem à nação brasileira pelos inúmeros maus exemplos denotados. Na vida pessoal, se envolveu numa transação na saída para o exterior que gerou abertura de processos de sonegação, no Brasil e na Espanha; existem litígios com seu ex-clube formador; sua imagem é ridicularizada e sua referência, o Pai, se mete em traquinagens de toda monta, sempre atropelando isonomias e abocanhando privilégios típicos de quem nunca comeu mel, mas vive lambuzado e melando todos em sua volta.

Mas é no campo que esse bandalho extrapola pra valer. Suas encenações excedem o ridículo, com tramoias de tirar o fôlego. Esse libertino é, em verdade, um bobão mimado e blindado. É fácil acreditar que ninguém nunca o chamou atenção sobre suas trapaças na profissão que exerce, porque a cada dia aumenta o seu repertório de falcatruas em campo (de baixíssima qualidade e sem nenhum poder de convencimento, é verdade). Ao contrário, os treinadores, assessores, os “parças” e outros inúteis fazem de conta estar tudo bem e certo nas suas tapeações, e assim segue o jogador com suas tolices.

A imprensa, acovardada e apavorada em perder audiência para não contrariar o pensamento da massa entra na onda do belo imposturado. Neymar seria uma vergonha nacional pelas suas manobras se no nosso país vivêssemos num ambiente sem tantos analfabetos funcionais, sem tanta alienação. O neymazim midiático virou piada mundial após a eliminação da Copa do Mundo. Uma tristeza para o Brasil, ser ridicularizado pela fraude, por uma injustificável pantomina, cujas simulações chegam a ser constrangedoras.

Jogadores como Cruyff, Eusébio, Puskas, Zico e Sócrates perderam Copas do Mundo, algo frustrante, porém normal na vida de qualquer atleta, mas saíram delas venerados pelo mundo. Mas estes eram homens decentes. E craques. Diferentemente do patamar neymariano no qual coloca boa parte da mídia usurária e inepta. Vergonhoso…

*Administrador

Desenvolvimento e metodologias em Economia – Valdemir Pires*

Nas últimas três-quatro décadas, o ensino, a pesquisa e o exercício profissional na área da Economia têm sido fortemente marcados por uma abordagem metodológica quantitativista, que se ampara em duas causas proeminentes, entre outras: primeiro, a facilidade proporcionada pelas novas tecnologias de armazenamento e processamento de informações, que fazem das modelagens e cálculos brincadeira de criança; segundo, o prestígio que a suposta capacidade de previsão (quando não predição) de tais modelos e cálculos dá aos economistas. Moleza e prestígio se juntam e fazem desse profissional o novo sacerdote do Deus-Mercado.

Outro aspecto notável dessa tendência é que esses sacerdotes estão usando as técnicas econométricas fundamentalmente para buscar evidências da ineficiência do Estado, que culminam em recomendações para desregulamentações, privatizações, freios fiscais e políticas assemelhadas.

As metodologias e análises que optam por uma abordagem histórica ou que, pelo menos, considerem a História, foram praticamente abandonadas pelos economistas, sobrevivendo marginalmente. No Brasil, universidades e centros de pesquisa, órgãos governamentais e frações importantes da opinião pública consomem as análises e recomendações dessa vertente perigosa da Ciência Econômica, ostentando o domínio do “estado-da-arte”. E o estado-da-arte consiste na arte de rechaçar o Estado, basicamente.

Não vai nesta crítica nenhuma aversão à Matemática, à Estatística, à Econometria, aos esforços de quantificação e cálculo, tão fundamentais na Ciência Econômica, mas uma repulsa explicita à redução do mundo a esses elementos, redução que só é ouro para tolo: embasbaca quem não sabe fazer conta e se admira diante de quem parece saber (sem se dar conta de que “rodar o modelo” no computador não é tão difícil assim, com os pacotes estatísticos disponíveis).

O fundamental, nesse momento da economia mundial e nesta fase de encalacramento da economia brasileira, é produzir análises que, longe da prepotência pseudocientífica, atentem para as estruturas de poder e geopolíticas, para as relações estratégicas, para os interesses em confronto, na busca de um projeto de desenvolvimento, ou seja, uma articulação entre instituições mercantis e estatais que, no atual contexto global, viabilize as condições materiais para a sobrevivência dos que habitam as fronteiras do que vimos chamando de Brasil desde 1500. De preferência com um pouco mais de perspectivas inclusivas do que tem sido feito até aqui.

*Economista, professor e pesquisador do Departamento de Administração Pública da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara

Brasil, Colosso Imenso – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Brasil esse colosso imenso. Gigante de coração de ouro e músculos de aço, que apoia os pés nas regiões Antárticas, e que aquece a cabeleira flamejante, na fogueira dos Trópicos. Colosso que se estendesse um pouco mais os braços, iria buscar as neves dos Andes, para com elas brincar nas praias do Atlântico”.

Como me orgulho deste País. Como lastimo saber do quanto temos de seus filhos que não se orgulham tanto, dele. Mas deixa pra lá, e vamos lutar heroicamente para que sejamos o que devemos ser em nossa grandeza incomensurável. Vamos fazer cada um de nós, a nossa parte, como ela deve ser feita. E vamos começar pela educação do nosso povo, constituído pelos nossos filhos. Somos um País de dimensões continentais. Já sabemos, sobejamente, disso. Então, vamos à luta pacífica. Mas vamos começar pela Educação, que é o básico para o crescimento. E vamos começar pelo início.

Irene… é uma grande amiga que tenho em São Paulo. Certa vez ela me mandou uma matéria que fora publicada por um famoso jornal norte-americano. A matéria dizia que o Hino Nacional Brasileiro é o hino mais bonito do mundo. E ouvindo nosso Hino, nesses dias de copa, lembrei-me disso e lamentei o menosprezo que, mesmo sem percebermos, temos por ele. Foi ainda no início dos anos sessentas que um intelectual paulistano iniciou uma campanha para que se mudasse a letra do Hino Nacional Brasileiro, porque ela é clássica e os jovens não a entendiam. Pode haver uma idiotice maior? Mas o pior é que algumas em
issoras tentaram apoiar o cara.

Cinquenta anos se passaram e me preocupo em ver como continuamos sem entender o nosso Hino, pela grandeza nas suas palavras. Algum professor, público ou particular, já se preocupou para ver se os alunos entendem a letra do Hino Nacional? Alguém já explicou para os alunos, o significado das palavras: Plácidas, Retumbante, Fúlgidas, Lábaro, Flâmula, Florão, Garrida, e outras que enriquecem nosso Hino? Façam isso, por favor, e mais do que um favor, um dever para com o desenvolvimento da nossa Educação, com heroísmo. E não se iludam, pensando que vamos resolver os problemas que nos afligem, nessas eleições. Elas serão apenas a abertura de um caminho para que possamos salvar nosso País com a Educação. E isso demanda tempo. Não nos iludamos.

Orgulhei-me da nossa Seleção no Futebol. Mas ainda temos que fazer com que nossos atletas entendam a diferença ente os termos, Disputar e Competir. Embora ainda sejam confundidos como sinônimos, eles têm sentidos diferentes, dependendo da educação de quem disputa e de quem compete. Mas um dia chegaremos lá. Pense nisso. 

*Articulista [email protected] 99121-1460