Opinião

Opiniao 07 09 2017 4734

Roraima: a nova fronteira agrícola – Flamarion Portela *

O mês de setembro já começa com boas notícias para Roraima. No último sábado, dia 2, foi aberta oficialmente a colheita de soja da safra 2017, numa grande festa realizada na Fazenda Tucumã, de propriedade do empresário Geraldo Falavinha, que reuniu empreendedores do agronegócio de Roraima e de outros estados, além da classe política. E a melhor notícia é que houve um aumento de 33% da safra deste ano em relação ao ano passado, o que torna Roraima o Estado que mais cresceu, proporcionalmente, em relação aos demais. Foram 32 mil hectares plantados e uma colheita de 100 mil toneladas de soja.

A expectativa é que nos próximos anos essa produção seja triplicada. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) estima que até 2020, Roraima terá 100 mil hectares de soja plantados, o que vai alavancar o crescimento do Estado, com a criação de uma nova matriz econômica.

E o Governo do Estado tem trabalhado arduamente para transformar Roraima nessa nova fronteira agrícola. Os investimentos em infraestrutura não param. Só no mês de agosto, foram destinados mais de R$ 13 milhões para a recuperação de estradas e pontes em vários municípios, garantindo melhor trafegabilidade e escoamento de produção. Em parceria com o Governo Federal, estão sendo recuperadas as BRs 174, 401 e 432. Já está em fase final de recuperação a RR-205 e outras importantes rodovias estaduais serão recuperadas ainda este ano, como a 203 e a 342, que ligam importantes áreas de produção.

Outra conquista importante foi a mudança do status de Livre de Febre Aftosa com Vacinação, conquistada em abril deste ano junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o que permite aos produtores do estado vender carne bovina para as demais unidades da federação. Essa vitória vai beneficiar diretamente o setor pecuário, inclusive com a instalação de um moderno frigorífico pela iniciativa privada, que em breve estará exportando carne para outros estados e também para outros países.

Também já está em fase de conclusão o Zoneamento Ecológico-Econômico, que assim que finalizado, será enviado em forma de Projeto de Lei à Assembleia Legislativa, para aprovação. Com isso, estarão definidas pelo Estado as áreas para investimento, respeitando o uso sustentável dos recursos naturais e o equilíbrio dos ecossistemas existentes.

Por fim, outro grande passo para o crescimento econômico de nosso Estado é a regularização fundiária. Para isso, a governadora Suely Campos tem buscado apoio em Brasília para dar celeridade ao processo de liberação da titulação das glebas que já estão em nome do Estado e outras que já foram georreferenciadas. A titulação das terras será mais uma garantia para que os empresários e os pequenos agricultores possam investir na produção agropecuária em Roraima.Estamos no caminho certo para transformar Roraima na mais nova fronteira agrícola do País. Mas, isso só se dará com o esforço conjunto de todos. Vamos à luta!

*Deputado estadual e ex-governador de Roraima

Reforma de centros urbanos e suas relações com a História – Kézia Lima*A princípio, como nossos próprios alunos perguntam, pra quê a gente estuda história? Eis então que muitas pessoas, mesmo depois da vida acadêmica, não sabem a razão da existência desse componente curricular e nós precisamos lembrar que uma sociedade sem História é uma sociedade sem memória. E a quem interessa uma sociedade sem memória?

Hoje, sem discussão com a sociedade civil, há um megaprojeto municipal de reorganização do centro urbano da cidade de Boa Vista. Um processo em que famílias estão sendo remanejadas e indenizadas pelas suas propriedades numa área muito valorizada e com forte potencial dentro da lógica capital, o Caetano Filho, mais conhecido como Beiral, no Centro da cidade, e que irão morar bem distante dos seus atuais endereços.

No início do século XX, o Rio de Janeiro viveu esse mesmo processo. Uma região central da então capital do país, próximo ao porto onde ocorriam a entrada e a saída marítima de pessoas e mercadorias. Porém, um centro urbano considerado atrasado, sujo e epidemiológico. A solução? A demolição dos cortiços, ampliação das ruas e estruturação do saneamento básico. As pessoas que viviam no centro do Rio de Janeiro foram levadas a morar muito longe de seus endereços, muitas acabaram integrando a construções de moradias nos morros da cidade, gerando o processo de favelização da cidade.

O Centro de Boa Vista, especificamente o Caetano Filho, é tachado pelos moradores na cidade com referências vinculadas à criminalidade, abandono e mercado de drogas. Muitas pessoas exigem do poder público alguma medida quanto à realidade do local que acabou recebendo tais características sem levar em conta a(o) costureira(o) que ganha a vida ali, o(a) pescador(a), o(a) comerciante, o(a) dono(a) do barzinho, enfim, todos os trabalhadores, trabalhadoras e estudantes que vivem naquele espaço.

A sociedade está aplaudindo a medida de “higienização do centro urbano”. Estamos assistindo à execução de um projeto que levará essas famílias para longe dos seus atuais trabalhos, escolas e identidades. Por que as reformas não podem ser feitas para esses moradores? Por que eles precisam sair do centro da cidade para que as melhorias no centro urbano sejam executadas?

Se a gente soubesse que o ensino de História mantem viva nossas memórias, as experiências da humanidade que deram certo e as que deram erradas, poderíamos relacionar o aprender a partir de problemas atuais para partirmos aos conteúdos e depois, dessa forma, estudar a Reforma Pereira Passos no Rio de Janeiro faz todo o sentido. Isso é também um ato político, afinal, é a construção de cidadãos críticos e reflexivos que está em todas as missões previstas nos Projetos Políticos Pedagógicos das nossas escolas.

*Historiadora, mestranda em Sociedades e Fronteira pela UFRR

Tartarugas e preguiças  – Afonso Rodrigues de Oliveira*”Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.” (Leonardo da Vinci)Quando olhamos para o passado distante ficamos tontos. A ciência que não conhecemos, porque não nos apresentam nos mostra o quanto somos ignorantes com referência à nossa história. John Kennedy já disse que a história depende de quem a escreve. E assino embaixo. Mas voltemos ao assunto inicial. A ciência nos diz que essa Terra onde vivemos foi criada há quatro bilhões de anos. A Cultura Racional nos diz que foi há vinte e uma eternidades. O que deve ser a mesma coisa. Ciência e Cultura Racional estão de mãos dadas. Mas a Educação continua caminhando a passos de tartaruga. E por isso a sociedade continua a passos de preguiça.

A ciência continua afirmando que o ser humano, evolução do primata, começou a se desenvolver há mais ou menos três milhões de anos. E que foi aí que a coisa começou, caminhando no cochilo, até nossa época. E que de lá pra cá, muitas eras foram vividas indolentemente. E os cientistas acharam melhor considerar que nossa evolução começou mesmo com o começo da chamada Era Cristã. E lá vamos nós, caminhando a passos de tartarugas, com reflexões de preguiças. Ainda há muita gente pensando que o mundo começou com Cristo.

E não pense que estou brincando. Astrologia Espacial fala francamente sobre os dilúvios sobre a Terra. E tudo que sabemos nas nossas, Educação e História é uma tremenda fantasia sobre o último dilúvio. Por que será que não nos interessa conhecer nossa história de verdade? Por que preferimos viver um mundo de fantasias e histórias de Trancoso? Cá pra nós, vamos acordar e procurar preparar nossa era para que ela seja contada pelos das do futuro, como uma era respeitável. Vamos fazer nossa história e escrevê-la com respeito, deixando a futilidade e a banalidade de lado; jogando-as no lixo da história. Vamos cuidar da educação dos nossos filhos e netos, para que eles, pelo menos, possam orgulhar-se do seu passado.

Nós, brasileiros não respeitamos nossa história. Não as passamos para nossos descendentes com o respeito que ela merece. E por isso continuamos construindo-a na banalidade do dia a dia formado pela nossa ignorância. O tempo que perdemos todos os dias, ouvindo pelos meios de comunicação, notícias vexatórias e vergonhosas não está no gibi. Enquanto acontecimentos dignos de serem noticiados são encortinados por não renderem audiência nos noticiários. Vamos acordar para nossa responsabilidade na formação dos nossos filhos. O futuro do Brasil vai depender do futuro dos nossos filhos. Pense nisso.

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