Jessé Souza

Alerta que vem do Norte 4144

Alerta que vem do NorteO garimpo ilegal avança na Terra Indígena Yanomami, mais precisamente na calha do Rio Uraricoera, ao Norte do Estado. Como temos uma sociedade que foi incitada a ser anti-indígena, por meio de uma campanha orquestrada e incisiva feita por políticos e pelos governos locais, muitos podem querer considerar que esse é um problema que não diz respeito à sociedade roraimense e que o garimpo até seria uma alternativa para o desemprego.

Mas não é bem assim. Não se trata tão somente de um garimpo ilegal que destrói o meio ambiente dentro de uma terra indígena. Trata-se de uma ação predatória e perigosa no principal afluente do nosso Rio Branco, que abastece Boa Vista e outras cidades com água potável e também é fonte de vida para pescadores e famílias ribeirinhas, de Norte a Sul.

Devido a essa exploração predatória e ilegal, nosso principal manancial de água potável está sob ameaça no Uraricoera, com o leito do rio sendo escavado e revirado, com sua mata ciliar (que é a proteção dos rios) destruída e, pior ainda, com o uso de mercúrio que polui o meio ambiente, contamina peixes e que pode causar doenças sérias nos seres humanos, inclusive podendo levar à morte.

Até agora não se viu as autoridades preocupadas com isso e mobilizadas para encarar o problema, já que se trata de nosso maior patrimônio que pode existir acima dos minérios e das riquezas biológicas: a água potável. O caso é muito sério e grave, mas não tem sensibilizado quem deveria fiscalizar e combater essa ilegalidade.

A questão agora não é somente proteger os índios Yanomami, a mais isolada das etnias, e o meio ambiente. Nem o assunto pode ser tratado como um “simples alerta de ambientalistas desocupados”. Diz respeito ao bem-estar e a sobrevivência futura de toda população do Estado. Ou já se esqueceram do exemplo de São Paulo, que vem enfrentando as piores crises de abastecimento de água e de energia elétrica porque, no passado, permitiu destruir seus principais mananciais?

É preciso cobrar do Governo Federal, com destaque a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Polícia Federal (PF), para que haja de forma rápida e eficiente para frear a garimpagem ilegal no Rio Uraricoera. Ou se extirpa de vez a garimpagem nessa região ou vamos pagar um preço muito caro em um futuro bem próximo.

Ou será que todos vão continuar pensando de forma preconceituosa e discriminatória, achando que esse é um problema apenas dos índios, das Ongs e dos ambientalistas?

*[email protected]: www.roraimadefato.com