FAMÍLIA ARTISTA

Pai e filho trabalham juntos para retratar Amazônia em murais de madeira

Parceria entre Cleodon Farias e Ramon Farias rendeu mais de 50 projetos 

Dos três filhos de Cleodon, apenas Ramon quis seguir os passos do pai (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)
Dos três filhos de Cleodon, apenas Ramon quis seguir os passos do pai (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Quem passa pelos corredores do Centro Estadual de Educação Profissional Professor Antônio Lima de Pinto, localizado no bairro Caranã, e da Escola Estadual Ana Libória, no Mecejana, se depara com algumas das obras feitas pelos artistas plásticos Cleodon Farias e Ramon Farias, que também são pai e filho. Juntos, eles criam murais de madeira que retratam a identidade amazônica.

Com 55 anos de experiência artística hoje, Cleodon teve sua primeira aproximação à arte quando ainda morava em Pernambuco, estado de origem, e fazia pequenas obras. Anos depois, ele veio para Roraima e deu início aos primeiros trabalhos de muralismo, como é chamada a arte feita em paredes ou painéis. A parceria entre ele e o filho rendeu mais de 50 projetos de pequeno e grande porte. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE



CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE



“Nós somos parceiros de trabalho, então tudo que um dos dois faz sempre vai ter a influência do outro. De três filhos, só ele teve interesse em seguir na arte. Então, ele é meu sucessor, né? Espero que também passe isso para o filho dele e para as próximas gerações que virão”, disse Cleodon.

Ramon considera que o interesse pela arte foi uma herança familiar e afirma ter sido diretamente influenciado pelo trabalho da figura paterna. Na adolescência, ele começou a desenvolver o próprio lado artístico e a auxiliar nas obras de Cleodon até o momento em que passou a criar os próprios murais. 

Obra “Homem, um passo à frente em seu tempo”, localizada no Centro Estadual de Educação Profissional Professor Antônio Lima de Pinto (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

O artista de 38 anos explica o processo de criação de um mural desde a concepção da ideia até a execução e entrega do trabalho. Ele afirma que gosta de ser detalhista nas obras e costuma demorar mais para garantir um bom resultado. No caso da obra “Homem, um passo à frente em seu tempo”, feita em 2008, ele executou o projeto em 30 dias.

“Em uma encomenda, a gente relaciona o tema solicitado com o nosso estilo de arte de valorização ao Norte. Depois que o projeto é aprovado e a gente consegue a madeira para fazer o mural, começamos a montar as equipes, desenhamos com giz de cera por cima e realizamos os cortes na tábua. Então, vem o processo final de pintura, em que seguimos o método de envelhecimento em baixo relevo e, por fim, aplicamos o verniz para selar tudo”, explicou.

Mural feito por Cleodon e Ramon para a Escola Estadual Ana Libória (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Para este ano, os muralistas planejam dar andamento aos projetos que atuam em conjunto e participar de mais editais públicos que fomentem a arte e a cultura. Além disso, segundo eles, vão realizar uma exposição das obras mais marcantes da carreira de Cleodon, a fim de celebrar os 70 anos de vida do artista.