
Na estreia da Sexta Cinéfila Folha BV, a recomendação vai para os que não se incomodam com desconforto, sangue, arte e alegoria: Suspiria (2018), dirigido por Luca Guadagnino, é um mergulho tenso e esteticamente perturbador no terror autoral, que revisita o clássico homônimo de 1977 com uma abordagem própria, mais política e sombria. O título está disponível na Amazon Prime.
Suspiria se passa em Berlim, no fim da década de 1970, e acompanha uma jovem bailarina americana que chega a uma renomada companhia de dança, onde eventos estranhos e violentos começam a ocorrer. À medida que os ensaios se intensificam, uma presença sinistra parece controlar os bastidores do grupo. A narrativa é conduzida de forma lenta e atmosférica, privilegiando o suspense psicológico e a construção de tensão.
Elenco e destaques individuais
Dakota Johnson interpreta Susie Bannion com entrega física e emocional, distanciando-se de seus papéis anteriores. Já Tilda Swinton impressiona ao assumir múltiplos papéis, inclusive um deles sob pesada maquiagem, numa performance que desafia o espectador. O elenco ainda conta com Mia Goth e Chloë Grace Moretz, em atuações que sustentam a estranheza da trama.
Dakota Johnson, conhecida por Cinquenta Tons de Cinza, vem expandindo seu repertório em filmes independentes e dramas psicológicos. Swinton, por sua vez, já havia trabalhado com Guadagnino em Me Chame Pelo Seu Nome (2017) e Um Sonho de Amor (2009), consolidando a parceria artística entre diretor e atriz.
Direção e estilo
Luca Guadagnino opta por uma abordagem autoral ao material original de Dario Argento. Ao contrário do uso intenso de cores do filme de 1977, aqui a paleta é fria, com tons terrosos e cinzentos. A direção de arte e a trilha sonora — assinada por Thom Yorke, vocalista do Radiohead — criam uma atmosfera melancólica e carregada de tensão. Guadagnino já havia demonstrado sensibilidade estética e domínio de ritmo em obras anteriores, e aqui explora um lado mais sombrio e experimental.
Recepção da crítica
Suspiria dividiu opiniões. Enquanto parte da crítica o considerou uma obra-prima ousada e inventiva, outros apontaram excesso de pretensão e violência gráfica. Ainda assim, há consenso quanto à força visual do filme e à coragem da reinterpretação proposta. No Rotten Tomatoes, mantém uma aprovação em torno de 65%, refletindo essa polarização.
Suspiria é para quem…
…aprecia o terror que não se limita ao susto, mas que propõe reflexões, incômodos e desconstruções. Suspiria (2018) vai agradar especialmente quem valoriza direção autoral, atuações intensas e subtextos políticos em narrativas de horror. É indicado para fãs de cinema europeu, admiradores de Guadagnino ou de filmes que cruzam arte e gênero.