Cultura

Protagonismo de mulheres indígenas é tema de livro de poesias

A obra ‘Weiyami’ mulheres que fazem o sol’ é da escritora indígena Sony Ferseck

‘Weiyami’ mulheres que fazem o sol’ é o título da nova obra da escritora indígena Sony Ferseck. A obra é uma homenagem à luta das mulheres indígenas e tem ilustrações em bordado por de Georgina Sarmento. Em seu terceiro livro publicado, Sony aborda a valorização das culturas indígenas, da lingua, cantos e narrativa. 
 
“A obra tem 15 poemas ilustrados por bordados de Georgina Sarmento, especialmente para o livro. Conto a história de personagens de narrativas indígenas, em especial do povo Makuxi. Tem poemas para a irmã gêmea de Makunaima, a Makunu’pa, para a filha do Urubu rei, dando protagonismo a essas mulheres! explica.


Lançamento do livro ocorre nesta sexta-feira (22) (Foto: Nara Nasco)

Sony é graduada em letras pela Universidade Federal de Roraima,  e adota o nome Wei paasi. A autora é coordenadora da editora Wey fundada em 2019, fundada com seu marido e escritor Devair Fiorotti que faleceu em 2020.

A editora busca financiar e publicar obras de artistas da palavra indígenas. Sony ainda lançou seu primeiro livro de poesia intitulado Pouco Verbo em 2013 e o segundo em 2020, chamado Movejo, pela própria Wei Editora.


Escritora homenageia mulheres indígenas e seu protagonismo (Foto: Nara Nasco)

 
Lançamento
O evento contará com  degustação de damurida, exposição dos originais dos bordados feitos por Georgina, apresentação da banda Sociedade Alternativa e sorteio de uma rifa de um exemplar do livro e outros brindes. O lançamento ocorre nesta sexta-feira (22) no bloco 1 da Universidade Federal de Roraima, a partir das 19h30. A entrada é gratuita.
 
Grande reencontro
                  Sony Ferseck
 
por sob o dourado
a palha viva
ornamento ocre
do vento que passa
por sobre as serras
meu tom de terra
me confunde o corpo
cor de semente
de sucupira
Por sob a sombra
o caminho e a pegada
ardo em trilhas (de fogo)
:Não existe o nada
Por entre as mãos
trabalho tuas mãos
em minhas
que se abrem
em dedos de cinza
fumaça, tabatinga e jenipapo
em tinta se fecham
em roda, canto, voz, meninas
Gesto gestos
meu lugar – junto – às irmãs
à Wei*
Assim me a – guardo
te a – guardo
em via.

Por Raísa Carvalho