Cultura

Programa tenta preservar a história de Roraima

Com parceria com várias entidades e empresas, o projeto Valle do Rio Branco vai digitalizar a história do Estado

A preservação e o estudo de documentos iconográficos, de textos e audiovisuais históricos são algumas das vertentes do projeto “Valle do Rio Branco”, programa de extensão da Universidade Federal, fomentado pelo Ministério da Educação que vem gerado resultados surpreendentes.
Com colaboração de professores, alunos e técnicos, o professor coordenador do programa, Maurício Elias Zouein vem fazendo parcerias que vão ajudar na preservação e criação de uma memória histórica do estado.

A ideia de criar o projeto começou em 1983, quando Zouein era diretor de teatro e ao necessitar de informações históricas sobre um herói indígena e teve dificuldade em encontrar algo sobre o que pesquisava. “Cada vez que mudava o governo, um pouco da história de Roraima desaparecia e então comecei a guardar esse material que tinha acesso e de lá para cá ocorreram as evoluções normais, montando grupos de estudo, pesquisas, núcleo, etc.”, explicou.
Um dos parceiros será a Biblioteca Nacional (BN) que vai integrar o Programa à Rede da Memória Virtual Brasileira, disponibilizando os acervos, por meio eletrônico, que contenham a história de Roraima aos usuários e visitantes no site da Biblioteca Nacional. O objetivo é concentrar toda a memória virtual do estado, formando um polo de acesso único, junto à Biblioteca Nacional, de toda memória digital produzida no país.
De acordo com Zouein, 600 páginas de jornais da década de 1950 já foram digitalizados, além de um jornal de 1919 e também cartas do Forte São Joaquim datadas de 1788.
“Dentro do programa [Valle do Rio Branco], tem professores de música que farão resgate da musicologia dos municípios. Pessoas de artes visuais, antropologia e comunicação social também fazem parte. Todo o material produzido e regatado em diversos projetos irá constituir ambientes de memória, com fotos, documentos e músicas de cada época. Todos com autores, ano, circunstância da produção, uma série de informações que vão ajudar os pesquisadores”, acrescentou Zouein
A Folha de Boa Vista
O professor do curso de Comunicação Social Luís Munaro, que participa de três projetos de pesquisa no Núcleo explica que um dos projetos mais interessantes diz respeito à construção da história da imprensa amazônica.
“Diz respeito mais precisamente à busca de dados históricos sobre a imprensa e tradição escrita em Roraima. Um desses jornais, O Átomo, foi disponibilizado para acesso digital através desse trabalho. O trabalho consistirá em estender esse trabalho de digitalização e reflexão do material. Para o educador é importante destacar que os jornais são componentes fundamentais da memória coletiva. Ajudam a traçar nossa identidade e a destacar quem somos”.
O Valle do Rio Branco vai concluir este projeto com a digitalização total do acervo do jornal Folha de Boa Vista, o mais antigo em funcionamento da imprensa de Roraima.
A editora de web e mídias sociais do jornal Folha de Boa Vista, Carolina Cruz, explicou que o jornal precisa servir como fonte de pesquisa para os alunos de comunicação social e para a comunidade em geral.  “Tendo em vista que somos o único jornal circulando ininterruptamente há 30 anos no mercado. A história da Folha conta uma parte da história de Roraima e a digitalização de todo nosso acervo contribuirá para esse resgate histórico do nosso Estado”, disse.