ARTE RUPESTRE

Pesquisa documental contará arqueologia de Roraima

Trabalho reúne os desenhos do arqueólogo Pedro Mentz Ribeiro que catalogou mais de 40 pinturas indígenas em sítios do estado

Desenhos das pinturas rupestres de Roraima podem virar livro ao final da pesquisa. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Desenhos das pinturas rupestres de Roraima podem virar livro ao final da pesquisa. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Uma pesquisa documental mostrará mais detalhes da arte rupestre de sítios arqueológicos de Roraima. O trabalho das arqueólogas Edithe Pereira e Marta Cavallini envolve, ainda, a reconstrução do inventário e acervo do arqueólogo Pedro Mentz Ribeiro. A pesquisa ocorre em parceira da Universidade Feevale (RS), com o Museu Paraense Emílio Goeldi (PA), a Secretaria de Cultura de Roraima (Secult), por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Roraima (Iphan/RR).

Mentz Ribeiro foi um professor e pesquisador da arqueologia brasileira e roraimense. O gaúcho esteve no antigo território de Roraima nos anos de 1985 a 1987, após pedido do governo territorial para salvamento arqueológico no Projeto Roraima, do Museu Integrado de Roraima (MIRR) junto ao Museu Goeldi.

“Ele coletou bastante material, copiou os desenhos das pinturas de vários sítios. Foram 48 sítios que ele localizou. Só que, de um momento para outro, o projeto acabou. O governo do território não repassou mais recurso já que era quem bancava [a pesquisa]. E aí, o que aconteceu foi que o material ficou uma parte aqui, uma parte no Rio Grande do Sul, que era de onde ele era, e mandava algumas coisas para o [Museu] Goeldi. Na verdade ele mandava apenas um relatório”, explica a também coordenadora da pesquisa, Edithe.

Com o passar dos anos, o acervo de Mentz Ribeiro, que ficou no extremo norte, esteve concentrado no MIRR. Mas, conforme as arqueólogas, armazenado de forma irregular, ocasionando degradação dos decalques (desenhos). Essa informação só foi possível após Marta vir a Roraima para uma pesquisa no sul do estado e encontrar uma caixa com os desenhos do arqueólogo.

“São os decalques, ou seja, as cópias que o Pedro Mentz Ribeiro deixou. A Marta achou esse material e aí a gente resolveu fazer um projeto para recuperar e organizar. Fazer um uma nova avaliação das pinturas porque ele nunca publicou esses painéis na totalidade. [Também] No final, fazer um livro com as informações sobre esse projeto que foi o primeiro projeto de arqueologia de Roraima e o primeiro projeto de artes rupestres da Amazônia”, aponta Edithe.

Fotografias das artes rupestres que Pedro catalogou e registrou. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

As pesquisadoras relataram que estão refazendo alguns passos de Pedro Mentz Ribeiro para conseguir outras informações sobre os desenhos, como localidade exata do sítio. Nesse percurso, elas já foram para o Rio Grande do Sul e Suíça, onde há acervos com materiais do Projeto Roraima. A dupla também já conversou com algumas pessoas que trabalharam com o arqueólogo para que a pesquisa fique completa.

Os desenhos

Os decalques de Pedro Mentz Ribeiro foram feitos em tamanhos real. Ou seja, em um plástico de metragem, colocou por cima das artes rupestres e fez a reprodução dos registros indígenas que aqui existem.

Esse material foi guardado dobrado. Com o tempo, os plásticos criaram uma camada de cola que causou certas imperfeições e manchas duplicadas. E, é aí que as arqueólogas contam com mais duas pessoas, entre elas o professor Macuxi, para ajudar a transferir os desenhos para um papel específico.

Depois disso, os desenhos serão organizados e reduzidos por computação gráfica. O objetivo é que as pessoas possam visualizar as artes rupestres dos mais de 45 sítios arqueológicos de Roraima. A pesquisa tem prazo final para início de 2025, instituído pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).