Nesta edição da Sexta Cinéfila Folha BV, a dica é para quem aprecia o cinema que reinventa o olhar sobre personagens históricos. Maria Antonieta (2006), dirigido por Sofia Coppola, oferece uma versão estilizada e íntima da rainha adolescente que se tornou símbolo da decadência do absolutismo francês. Com trilha sonora pós-punk e figurinos camp, o filme transforma o Palácio de Versalhes em cenário de uma juventude solitária, entediada e sufocada pela opulência. Título está disponível na Apple TV+.
Baseado na biografia de Antonia Fraser, o filme acompanha a trajetória de Maria Antonieta desde sua chegada à França, aos 14 anos, até os primeiros sinais da Revolução Francesa. Sem seguir uma estrutura convencional de drama histórico, a narrativa foca na solidão da jovem rainha, em seus conflitos internos e no choque entre liberdade pessoal e rigidez da corte.
Elenco e atuações
Kirsten Dunst interpreta a protagonista com leveza, charme e um toque de melancolia que traduzem o espírito do filme: uma mulher presa a um papel que não escolheu. Jason Schwartzman vive o rei Luís XVI com um tom cômico e deslocado, reforçando a atmosfera de inadequação.
Dunst e Coppola já haviam trabalhado juntas em As Virgens Suicidas (1999), parceria que aqui se fortalece com uma performance madura e cheia de nuances. O elenco também conta com nomes como Rip Torn, Asia Argento e Judy Davis.
Direção e estilo visual
Sofia Coppola imprime sua assinatura: longas sequências contemplativas, diálogos mínimos e forte aposta em sensações visuais e sonoras. A trilha sonora, que inclui The Cure, New Order e Bow Wow Wow, cria um contraste intencional com o cenário de época. Os figurinos, premiados com o Oscar, abusam do exagero e da estilização, compondo um universo onde o anacronismo é parte da narrativa.
Além de Maria Antonieta, Coppola é conhecida por obras como Encontros e Desencontros (2003), As Virgens Suicidas (1999) e O Estranho que Nós Amamos (2017), todas marcadas por personagens femininas introspectivas e uma estética emocionalmente carregada.
Recepção da crítica
O filme dividiu opiniões na época de seu lançamento. Parte da crítica elogiou a ousadia estilística e a sensibilidade com que Coppola abordou uma figura histórica. Outros acusaram o filme de ser superficial ou excessivamente indulgente. Com o tempo, porém, Maria Antonieta ganhou status de cult, sendo hoje reconhecido como um dos trabalhos mais pessoais e visualmente inventivos da diretora.
Maria Antonieta é para quem…
…valoriza a estética tanto quanto a narrativa, gosta de releituras históricas autorais e se interessa por odes melancólicas à juventude. Maria Antonieta é indicado para fãs de Sofia Coppola, apreciadores de figurino e design de produção, e para quem busca filmes que experimentam linguagem e atmosfera, mais do que fatos cronológicos.