Com o tema “Boi do Povo, Boi do Povão”, o Garantido encerrou um jejum que durava desde 2019 e voltou a brilhar na arena, conquistando seu 33º título. A vitória foi confirmada nesta segunda-feira (30), após a apuração das notas no Bumbódromo, coroando três noites de apresentações marcadas por ancestralidade, identidade amazônica e forte conexão com o povo.
Veja quais foram as toadas que marcaram o triunfo do Garantido
Ao longo das três noites, os jurados avaliaram 21 quesitos divididos em três blocos: A (musicais e comuns), B (cenografia e coreografia) e C (artístico). Nas duas primeiras noites, o Garantido levou vantagem sobre o Caprichoso por uma diferença de 0,2 décimos em cada. Na sexta-feira, marcou 419,8 contra 419,6 do rival; no sábado, 419,5 contra 419,3.
Aymê Tavares, natural de Parintins e moradora de Boa Vista (RR), viajou para a ilha especialmente para acompanhar o festival. “É inexplicável, de verdade. A gente sofreu muito. Foi muita dor. Mas também é uma história de esperança, sabe? É incrível estar aqui com a minha família, disse, emocionada após o anúncio do resultado.
Na abertura do festival, o Garantido apresentou o tema “O Ecoar das Vozes da Floresta”, celebrando a diversidade e a força dos povos amazônicos. Entre os momentos marcantes, estiveram a Lenda Amazônica “Tapyra’yawara” (Item 17) e o Ritual Indígena “Moyngo, A Iniciação Maragareum”, que encerrou a noite com potência simbólica e cênica.
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O espetáculo continuou no sábado com o enredo “Garantido, Patrimônio do Povão”. A apresentação percorreu as raízes populares, indígenas e afro-brasileiras do boi, destacando sua relevância como manifestação cultural do povo. Um dos momentos de maior impacto foi o Ritual Indígena “Ajié”, com Adriano Paquetá à frente do item Pajé, encantando o público com força ancestral.
Encerrando o festival no domingo, o Garantido levou à arena o tema “Garantido, Boi do Brasil”, coroando o projeto artístico de 2025. A apresentação foi uma homenagem às manifestações culturais de todas as regiões do país, exaltando ritmos e tradições diversas, sem perder a identidade do bumbá encarnado. Destaque para a porta-estandarte Jevenny Mendonça, que surgiu simbolicamente do “coração do Brasil”, e para a sinhazinha Valentina Coimbra, em performance lúdica no centro da alegoria.
Pela primeira vez, a Folha de Boa Vista acompanhou o Festival Folclórico de Parintins de dentro do Bumbódromo. O repórter Denis Martins esteve na ilha para cobrir o evento e trouxe registros e relatos exclusivos da maior manifestação cultural da Amazônia.
Isabelle ou Marciele: quem levou as maiores notas no item Cunhã-Poranga?
Durante o 58º Festival Folclórico de Parintins, o item Cunhã-Poranga teve um duelo técnico entre Marciele Albuquerque, do Caprichoso, e Isabelle Nogueira, do Garantido, com transformações que representaram a fauna amazônica.
Confira as notas oficiais do item, dia a dia:
🟦 Caprichoso
Dia | Jurado 1 | Jurado 2 | Jurado 3 | Nota Descartada | Total |
---|---|---|---|---|---|
27 de junho | 9,9 | 9,9 | 10,0 | 9,9 | 19,9 |
28 de junho | 10,0 | 9,8 | 10,0 | 9,8 | 20,0 |
29 de junho | 10,0 | 9,9 | 10,0 | 9,9 | 20,0 |
🔴 Garantido
Dia | Jurado 1 | Jurado 2 | Jurado 3 | Nota Descartada | Total |
---|---|---|---|---|---|
27 de junho | 10,0 | 10,0 | 10,0 | 10,0 | 20,0 |
28 de junho | 9,9 | 10,0 | 9,8 | 9,8 | 19,9 |
29 de junho | 10,0 | 10,0 | 9,9 | 9,9 | 20,0 |
Apesar da expectativa por uma definição clara, o item Cunhã-Poranga terminou empatado: cada representante somou 59,9 pontos ao fim das três noites. Isabelle venceu na primeira apresentação, Marciele levou a melhor na segunda e, no encerramento do festival, as duas alcançaram nota máxima, selando um empate técnico no quesito.
Na primeira noite, Marciele se transformou em gavião. A apresentação começou no topo de uma alegoria de mais de 30 metros e desceu à arena ao lado do pajé Erick Beltrão. A performance foi marcada por precisão e forte presença cênica.
Isabelle, por sua vez, surgiu como uma onça, representando a figura mítica Tapyra’yawara. A apresentação fez parte da Lenda Amazônica e destacou a força e espiritualidade indígena.
Na segunda noite, Marciele interpretou a ave japiim, símbolo da resistência e da coletividade. Sua indumentária dourada e a movimentação no palco chamaram atenção pela leveza e técnica.
Isabelle evoluiu como uma mariposa, em referência à personagem Nynã, guardiã da ancestralidade feminina. A performance dialogou com a proposta do boi Garantido de exaltar a força das mulheres amazônidas.
Na terceira noite, Marciele surgiu como uirapuru, pássaro encantado da floresta. A personagem remete ao poder mágico do canto e à ligação com os espíritos da mata, encerrando a participação da cunhã do Caprichoso com uma leitura mais simbólica e poética.
Isabelle encerrou sua participação ao surgir de dentro de um imenso muiraquitã, transformando-se em arara-vermelha. A apresentação foi uma homenagem às artesãs amazônicas e à ancestralidade ligada ao artesanato indígena.