Cultura

Documentário roraimense sobre a migração venezuelana estreará em São Paulo

"Aqui en La Frontera" é um retrato sensível de uma das maiores crises migratórias da América Latina

O filme se passa na região amazônica. O tema não é a floresta, ou o garimpo, mas uma realidade igualmente presente para quem vive no norte do Brasil: a migração forçada. O documentário Aqui en La Frontera (2022) vai estrear na 12ª Mostra Ecofalante de Cinema, que acontecerá entre os dias 1º e 14 de junho, em São Paulo. Dirigido por Marcela Ulhoa e Daniel Tancredi, o longa-metragem foi filmado na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, em meio a uma das maiores crises migratórias da América Latina. 

O documentário conta a história de três venezuelanos com vivências de acolhida bem distintas. Por meio de um retrato intimista, o filme nos aproxima de Stephanny, uma jovem mãe de 21 anos que precisa retornar ao país para buscar sua filha, Francis, uma mulher trans e liderança de um abrigo de refugiados militarizado do Governo Brasileiro e Argenis, que organiza uma ocupação com mais de 300 venezuelanos sob ameaça de despejo na capital de Roraima. 

Ao abordar o deslocamento forçado na Venezuela e como este movimento repercute no país vizinho, o Brasil, o documentário reforça o tema cada vez mais urgente em todo o mundo. O deslocamento de pessoas forçadas a deixar seus lares atingiu um novo pico, mostrando uma tendência de aumento a cada ano. De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), até 2023, quase 117 milhões de pessoas serão afetadas. 

Mas o documentário não trata de números. Para entender e ser sensível a essa situação complexa, é necessário estabelecer um diálogo com esses refugiados: com nomes, rostos e histórias diferentes. Por meio do cinema de observação, o documentário traça um retrato íntimo de três personagens que nos ajudam a entender a migração humana em sua dimensão interseccional. Além disso, Aqui en La Frontera também aborda as soluções que o governo brasileiro e a sociedade civil encontraram para lidar com o grande número de venezuelanos que buscam um novo lar no Brasil.

Migração e Fronteiras em três documentários
Este é o primeiro ano em que a migração figura entre os temas da Mostra Ecofalante, com três filmes sobre deslocamento forçado ao redor do mundo. O artigo completo que faz parte do catálogo da mostra está disponível no link 

O trailer de Aqui en La Frontera também está disponível no site do evento e pode ser acessado no link


Sobre os diretores 

Marcela Ulhoa é jornalista pela UnB, com mestrado em literatura pela UFRR, tendo desenvolvido sua pesquisa a partir dos diários íntimos de uma mulher venezuelana no Brasil. Com dez anos de experiência na região amazônica, trabalhou com migrantes, refugiados e população indígena em Roraima. Atuou em agências da ONU, governo e terceiro setor. No cinema, tem experiência como produtora e pesquisadora. “Aqui en La Frontera” é seu primeiro filme como diretora. 

Daniel Tancredi é diretor de filmes e fotógrafo. Começou a carreira em São Paulo, em 2012, onde trabalhou em parceria com importantes produtoras de cinema e de conteúdo para internet, como a Heco Produções, Estiligue Filmes, Candela Filmes, Big Bonsai, Fotocontexto, entre outras. Como fotógrafo, atuou em obras para TV e cinema, com destaque para a série História da Alimentação Brasileira (2016), o curta ficção Rabiola (2021) e o documentário O Bom Cinema (2020). Daniel é formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina e pós graduado em fotografia pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP / SP).

Sobre a produtora

O filme é uma produção da Platô Filmes, produtora roraimense focada em conteúdos amazônicos. Entre as obras de destaque estão o longa-metragem documental “Por onde anda Makunaíma?” (2020) que recebeu o Candango de Melhor Filme do 53º Festival de Cinema de Brasília 2020 e o prêmio de melhor documentário do 25º Inffinito Brazilian Film Festival – Miami 2021, e vários curtas-metragens entre eles; “Rabiola” (2021) que ganhou os Prêmios de Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Atuação no 4ª Festival Olhar do Norte 2022 e “Fronteira em Combustão” (2016), Seleção Oficial do 27º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo (2016).

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