Você já reparou como se sente ao passar horas encolhido em frente ao computador? Ou como uma caminhada de cabeça erguida pode melhorar o dia? A ciência tem uma explicação: o corpo e a mente estão profundamente conectados — e a maneira como nos movemos ou sentamos pode influenciar diretamente nossas emoções, comportamentos e até decisões.
Essa relação entre postura corporal e estados emocionais é estudada dentro do campo da psicologia corporal, uma área que mostra como os sentimentos não vivem apenas na mente, mas também se manifestam fisicamente. “Nosso corpo fala o tempo todo. E mais do que isso, ele influencia a forma como pensamos e sentimos”, explica a psicóloga e terapeuta corporal Dra. Camila Torres.
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Corpo curvado, mente pesada
Pesquisas apontam que adotar uma postura curvada está associada a sentimentos de tristeza, cansaço e até baixa autoestima. Um estudo publicado no Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatry (2015) mostrou que participantes que mantiveram a postura ereta durante uma tarefa estressante apresentaram níveis mais altos de autoconfiança e relataram menos ansiedade do que aqueles com postura encurvada.
Segundo a fisioterapeuta postural Larissa Mendes, isso acontece porque “quando ficamos curvados, comprimimos estruturas do corpo que influenciam a respiração e a circulação. Isso gera um estado fisiológico que favorece sensações de cansaço e desânimo”.
Técnicas simples, grandes efeitos
Adotar uma postura mais equilibrada não exige grandes mudanças, mas requer atenção e prática. Algumas dicas incluem:
Alinhar a coluna ao sentar, com os pés apoiados no chão e os ombros relaxados;
Evitar olhar para o celular com a cabeça baixa, hábito conhecido como “pescoço de texto”;
Praticar alongamentos que abram o peito e melhorem a mobilidade da coluna;
Respirar profundamente, o que ajuda a manter o corpo mais ereto e a mente mais calma.
“Essas pequenas correções geram efeitos surpreendentes, inclusive no humor e na disposição diária”, reforça Larissa.
A linguagem do corpo e a autoestima
A linguagem corporal também desempenha um papel importante na forma como somos percebidos e como nos percebemos. Estar com os ombros abertos, olhar para frente e caminhar com firmeza são sinais que o cérebro interpreta como autoconfiança — mesmo que, num primeiro momento, você esteja apenas “fingindo”.
Amy Cuddy, pesquisadora de Harvard, popularizou o conceito de “postura de poder”, mostrando que ao adotar certas posições corporais por alguns minutos, é possível induzir sensações de força e segurança interna. “É como se o corpo ensinasse a mente a se sentir mais forte”, afirma.
O espelho emocional das expressões faciais
Além da postura, até o modo como usamos o rosto influencia nosso estado emocional. Um fenômeno conhecido como feedback facial indica que sorrir — mesmo sem motivo — pode estimular regiões cerebrais ligadas ao prazer e ao bem-estar. “A expressão corporal é um canal direto com o sistema nervoso. Ela modula hormônios, ritmos cardíacos e até decisões cognitivas”, explica a neurocientista Dra. Fernanda Lopes.
O corpo como aliado da saúde mental
Com a rotina corrida e o tempo excessivo em frente às telas, manter uma boa postura pode parecer um detalhe. Mas na prática, é uma estratégia poderosa para melhorar a saúde mental de forma natural e acessível.
A mensagem dos especialistas é clara: observe seu corpo. Pequenas mudanças no modo de sentar, respirar e se movimentar podem fazer uma grande diferença na forma como você se sente — e se relaciona com o mundo.