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VISÃO: Lei aprovada pela ALE-RR prevê exame nas escolas para identificar daltonismo; entenda condição

Teste criado em 1917 ajuda a reconhecer pessoas com distúrbio visual que afeta percepção das cores

Doença oftalmológica é genética, mas pode ser causada por fatores secundários (Foto: Eduardo Andrade/ SupCom-ALE-RR)
Doença oftalmológica é genética, mas pode ser causada por fatores secundários (Foto: Eduardo Andrade/ SupCom-ALE-RR)

Matheus Santos tem uma lembrança nítida sobre os primeiros episódios com o daltonismo. Quando tinha entre cinco e seis anos, ainda no jardim de infância, pintou um sol e uma raposa para uma atividade. Ao entregar, a professora sorriu e perguntou por que ele havia pintado o sol de verde. Anos mais tarde, no processo de alistamento militar, foi dispensado depois de errar todos os exames que envolviam cores. “Eu achava que estava arrasando no teste e no final fui reprovado”, brincou.

Matheus Santos teve episódio relacionado a daltonismo ainda na infância (Foto:Eduardo Andrade/ SupCom-ALE-RR)

“Quando ia jogar Uno [jogo de cartas com cores] com meus amigos, errava as cores; em outros jogos eletrônicos, eu mencionava muro rosa e a cor era azul. Cresci ouvindo piadas e não sabia bem o que era. Na vida adulta, quando cursei biologia, não conseguia identificar algumas células, partes das plantas no microscópio, porque era por cor e eu errava bastante. Pedia sempre para meu par me ajudar. No meu trabalho atual, minha chefe sabe da minha condição, então não pede nada que envolva cor”, disse o servidor público.

Matheus não consegue distinguir as cores laranja e verde, além de não perceber a diferença entre tons de cores iguais (Foto: Eduardo Andrade/SupCom-ALE-RR)

A dificuldade de Matheus está relacionada às cores laranja e verde, principalmente se estiverem próximas ou em tom sobre tom. Hoje, para identificar melhor, ele usa um aplicativo que indica quais as cores dos objetos. “É só apontar a câmera do celular que ele faz a identificação. No computador, uso uma extensão, que é para daltônicos, e consigo identificar quais são elas”, complementou.

Lei estadual

Neste ano, a Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) aprovou a criação da Lei nº 1.968/2024, de autoria do deputado Chico Mozart (Progressistas), que prevê a oferta do teste de cores Ishihara nas escolas estaduais por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). A norma determina que a secretaria deve promover programas e mutirões anuais nas instituições de ensino para detectar o daltonismo, com ampla divulgação através dos meios de comunicação do governo e privados.

Lei que prevê teste para identificar daltonismo foi proposta por Chico Mozart (Foto: Nonato Sousa/ SupCom ALE-RR)

“É de suma importância que o teste de cores Ishihara seja feito nas crianças da rede estadual de ensino de Roraima, para que elas não sofram preconceitos nem com a dificuldade de identificação de objetos, não corram riscos de não saber as cores de um semáforo, entre outras consequências”, justificou o parlamentar durante votação do projeto de lei na Casa.

O exame – cujo nome é uma homenagem ao Dr. Shinobu Ishihara, que foi professor da Universidade de Tóquio e criador do teste em 1917 – é simples e fácil de ser feito, pois consiste em apresentar diferentes tons de cores e, entre eles, um número, que deve ser identificado pela pessoa. Caso isso não ocorra, é observado à qual grau de daltonismo o paciente pertence. A condição é genética, ou seja, se nasce com ela. Contudo, fatores secundários, como doenças neurológicas, podem provocá-la.

Médico Nazareno Barreto fala sobre condição genética (Eduardo Andrade/SupCom-ALE-RR)

“O daltonismo, a discromatopsia, é uma doença genética, ligada ao cromossomo X, portanto é mais comum em homem. Estima-se que 1 a cada 12 homens tenha a doença, enquanto nas mulheres é 1 para 200, porque nelas tem dois cromossomos X. Então quando um está afetado, tem o outro. No homem, não. Só há um. Não tem tratamento eficaz, o que existem são recursos, como lentes filtrantes, que auxiliam a melhorar o tom de algumas cores, para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas”, explica o médico oftalmologista Nazareno Barreto.

: O teste de cores de Ishihara (teste de senso cromático) é um teste para a detecção do daltonismo (Foto: Eduardo Andrade/SupCom-ALE-RR)

São pelo menos três níveis da doença: severo, em que as pessoas que enxergam apenas tons de cinza, não identificam cores; outras que conseguem ver cores puras, mas que misturadas com outras, elas se atrapalham e não conseguem ver; e ainda quem tem dificuldade para ver tons de verde, vermelho, amarelo ou outras cores. O exame pode ser feito em consultório oftalmológico e normalmente ocorre entre a fase da adolescência e adulta, quando os sinais ficam mais perceptíveis.