Saúde e Bem-estar

Pandemia dificulta diagnóstico precoce de câncer de pele

As biópsias feitas no Brasil para câncer de pele cairam em 48% comparadas ao mesmo período do ano passado, preocupando especialistas.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) está em alerta por conta da pandemia de COVID-19, já que assim o diagnóstico precoce de câncer de pele vem sendo dificultado. As medidas para evitar o contágio do novo coronavírus fez com que várias pessoas evitassem as consultas de rotina. As informações são da Agência Brasil.

Segundo a SBD, pacientes com câncer de pele se afastaram dos hospitais comprometendo, assim, o diagnóstico e o tratamento precoce da doença. No ano passado, 210.032 pedidos de biópsias para detecção do câncer de pele foram solicitados, entre os meses de janeiro e setembro. Em 2020, no mesmo período, foram 109.525, 48% a menos.

Câncer de Pele no Brasil

Todos os estados brasileiros – menos Sergipe – registraram queda nas biópsias de câncer de pele. Os dados foram apurados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia utilizando informações disponíveis do Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SUS).

O Acre foi o estado com a maior redução nesse tipo de demanda, com 64% a menos em relação ao mesmo período de 2019, proporcionalmente. Em Roraima e na Bahia (-63%), Alagoas (-58%), Maranhão e São Paulo (-57%), Piauí (-50%), Santa Catarina (-49%), Goiás (-48%) e Paraná (-46%).

Segundo Sérgio Palma, presidente da SDB, a pandemia vai deixar um triste legado. Por conta da gravidade da COVID-19, que já matou 176.941 mil pessoas no país, os próprios hospitais desestimularam que pacientes sem gravidade ficassem expostos ao vírus.

“Depois, a população, por medo de contaminação pelo vírus, passou a evitar as consultas, mesmo com a retomada dos atendimentos. Os gestores não têm responsabilidade por esse cenário, mas recai sobre eles o desenvolvimento de estratégias para resolver o problema”, disse Palma.

Falta de diagnóstico preocupa

Além disso, a preocupação dos profissionais da saúde agora é que ocorra um acúmulo de consultas nos próximos meses no SUS. Já que as pessoas que deveriam ter ido em 2020 passarão a ir agora com o isolamento mais brando na sociedade.

“As consequências desse problema serão percebidas em médio e longo prazos. O paciente, ao retardar o seu diagnóstico e início de tratamento, perde a chance de efetivamente reduzir os efeitos nefastos que um câncer de pele pode causar e que, no limite, pode levar o paciente à morte. Temos que pensar em estratégias para reduzir essa lacuna”, disse a coordenadora do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD, Jade Cury.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o câncer de pele corresponde a 33% do diagnóstico de câncer no Brasil. Todos os anos, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra cerca de 185 mil novos casos. “A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Essas células se dispõem formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, são definidos os diferentes tipos de câncer”, informa o site da SBD.