Saúde e Bem-estar

Imunidade de rebanho gera dúvidas na pandemia da covid-19

O termo é usado quando se alcança numa população, uma quantidade percentual razoável de pessoas que tiveram a doença e que não serão mais contaminadas

Com a chegada da pandemia do novo coronavírus no Brasil, em meados de março, o termo imunidade de rebanho ganhou força nas discussões entre profissionais da saúde ou até mesmo uma simples roda de conversa entre amigos. Mas afinal, o que significa essa expressão e qual a importância dela no combate ao vírus?

A FolhaBV conversou com o infectologista, Joel Gonzaga Terra, para esclarecer a importância de a imunidade para a proteção ocorrer, sem que o vírus circule livremente.

De acordo com o infectologista, o termo é usado quando se alcança numa população, uma quantidade percentual razoável de pessoas que tiveram a doença e que não vão se contaminar mais, no sentido de não haver mais condições do vírus se perpetuar.

“Quanto mais o índice de contaminação numa população, mais difícil vai ser a continuidade da cadeia de transmissão, uma vez que as pessoas que já pegaram, em tese, não vão pegar de novo. Então, a cadeia de transmissão fica bloqueada porque há uma distância maior entre uma pessoa que não pegou e a outra”, esclareceu.

Ainda segundo Terra, como não existe o vírus circulando mais, dificilmente vai haver uma retomada desse processo de contaminação. “É nesse sentido que a imunidade de rebanho é eficaz. Quanto mais pessoas tiverem tido a doença, menos meios de transmissão vai haver”, destacou.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que ainda não foi encontrado um número exato para que se atinja a imunidade coletiva, mas ela sugere que deva ser entre 65% a 70% da população com anticorpos para a covid-19.

“Se a imunidade é duradoura, a princípio, pelas investigações e pelos artigos científicos mundiais, não há possibilidade de reinfecção, mas estudos da Universidade de Oxford descobriram que há cinco subtipos do sars-cov 2. Sendo assim, haveria então abertura para uma janela para se estudar a possibilidade da reinfecção”, afirma Terra.

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Testes rápidos são menos confiáveis e podem ser falsos negativos ou falsos positivos, explicou Terra. O teste com suab, haste semelhante a um cotonete também pode ser controverso e acaba interferindo na análise do resultado.

“Com isso, ficamos à mercê de um diagnóstico clínico ou diagnóstico radiológico que é o padrão atualmente. É uma doença nova, ainda estamos estudando e muitas coisas novas poderão vir por aí, inclusive em relação a efetividade ou não de uma ou outra vacina”, ponderou.

Uma boa alimentação, hidratação, orientação de especialista e adoção de um protocolo profilático precoce tem sido comprovadamente efetivo para minimizar as complicações e até evitar a contaminação. “Já temos estudos e experiências comprovadas em países como Índia, China e Rússia que adotam esse tipo de protocolo”, concluiu.