Saúde e Bem-estar

Estado está bem orientado sobre aglomeração de aves, diz diretora da Aderr

Após portaria do Ministério da Agricultura quanto à aglomeração de aves, FolhaBV procurou entender como medida afetaria granjas e vendedores de galinhas

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou na última quinta-feira (30/03) uma portaria que suspende, por 90 dias e em todo território nacional, a aglomeração de qualquer tipo de ave, seja em exposições, torneios, feiras e demais eventos. 

Apesar de não existir casos da gripe no país até o momento, a influenza já foi registrada na América do Sul (Bolívia, Uruguai, Argentina e Chile). A medida de prevenção foi tomada em função do risco de ingresso e de disseminação de casos de influenza aviária (H5N1) no Brasil.

Por isso, a portaria nº 572/2023 também suspende a criação de aves ao ar livre, com acesso a piquetes sem telas na parte superior, em estabelecimentos registrados. A suspensão se aplica “a quaisquer espécies de aves de produção, ornamentais, passeriformes, aves silvestres ou exóticas em cativeiro e demais aves criadas para outras finalidades”, diz o documento.

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Por ser comum a venda de galinhas em Boa Vista, a FolhaBV ouviu os comerciantes que vendem galinhas em Boa Vista para saber o que consideram em caso de proibição. Mesmo sem saber da portaria, o casal de vendedores de galinhas há 7 anos, Rosana e Celso Pedi, não veem problema na medida, a não ser que haja uma proibição total da aglomeração dessas aves.

“Se ela fosse aplicada assim, eu creio que todos os aviários, todas as granjas seriam fechadas automaticamente porque não existe isso. A ave é criada aglomerada. Não existe, em nenhum momento, você criar uma ave solitária, triste, criada em confinamento. E aí tudo fecha, tudo acaba”, contou Celso, que auxilia a esposa na venda das aves.

Por outro lado, as feiras de rua que vendem as aves e as granjas não serão afetadas, inicialmente, com essa portaria. De acordo com a diretora de Defesa Animal da Aderr (Agência de Defesa Agropecuária de Roraima), Erika Paracat, as feiras são relacionadas aos eventos de comercialização de várias espécies de aves silvestres, como pavão e ganso, o que não ocorre em Roraima. 

Apesar de não ter aglomerações, além das granjas, as medidas de prevenção à gripe aviária estão sendo tomadas desde o ano passado. 

“A situação da gripe diária vem se expandindo pelas Américas. Agora, infelizmente, para a América do Sul. O estado de Roraima, junto com o restante do Brasil, já vem trabalhando com algumas medidas desde o ano passado, onde já nos reunimos com os criadores, com os granjeiros e as pessoas que empreendem neste ramo de produção de aves e de ovos. Já repassamos e explicamos sobre a doença, solicitamos que eles tenham essa parte de cuidados com a empresa deles”, disse Erika.

As medidas passadas aos criadores de qualquer ave são de que é preciso colocar telas de proteção e não deixar que pessoas estranhas tenham acesso aos grandes criadouros. 

“Também, o estado vem trabalhando com relação às vigilâncias ativas, onde os veterinários da agência de defesa têm ido às propriedades ver a existência de aves doentes ou casos de mortalidades em grande quantidade, e também da forma passiva, que é onde a gente pede que o produtor rural vá até a Aderr e relate os casos de morte tanto das aves de produção, quanto das aves do dia a dia, aquelas que criamos em casa”, pontuou a diretora.

Conforme Erika, a doença tem se espalhado por aves em período migratório. Com isso, sítios, lagos e demais pontos de descanso dos animais silvestres também foram cadastrados para controle de possíveis casos, como também a sorologia teria sido realizada nas granjas e propriedades.

Toda a prevenção realizada no Brasil e em Roraima é para controlar casos de alta patogenicidade, que causariam maior impacto na economia. Somente nesta situação é que seria preciso diminuir a produção de aves devido a alta taxa de mortalidade de animais silvestres e domésticos.

Gripe Aviária

Conforme o Mapa, a influenza aviária é uma doença viral que afeta várias espécies de aves domésticas e silvestres, além de mamíferos como ratos, gatos, cães, cavalos, suínos e o ser humano. Os vírus de influenza tipo A apresentam alta capacidade de mutação e de adaptação a novos hospedeiros.

“Portanto, aplicar medidas de biosseguridade nos estabelecimentos avícolas visando limitar a exposição de aves domésticas a aves silvestres, principalmente migratórias e/ou aquáticas, é a principal medida de mitigação de risco para introdução do vírus da influenza aviária no plantel avícola nacional. E, consequentemente, para diminuir o risco de evolução do vírus para formas altamente patogênicas e recombinação com componentes de outros vírus de influenza para formar vírus que podem não apenas infectar seres humanos, como ser transmitidos entre seres humanos”, informa o Ministério da Agricultura.