DEMOGRAFIA MÉDICA

Em 13 anos, Roraima duplica número de médicos e ultrapassa 1.380 profissionais

Apesar do aumento, qualidade da formação em medicina e as condições de trabalho foram criticadas por profissionais

O levantamento também mostrou que 1,82 médicos atendem até 10 mil pessoas no estado.  (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
O levantamento também mostrou que 1,82 médicos atendem até 10 mil pessoas no estado. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O número de médicos em Roraima duplicou em 13 anos e ultrapassou o número de 1.380 profissionais da saúde. É o que aponta a Demografia Médica 2024, realizada pelo Conselho Federal de Medicina e divulgada nesta segunda-feira (08).

De acordo com os dados, em 2011, o estado tinha 596 médicos e em 2024, conta com 1.386 profissionais, resultando em um aumento de 132,5%. Com o crescimento populacional do estado, a densidade de médicos por habitante também registrou um aumento de 1,32 para 1,82 médicos por cada grupo de mil pessoas. Além disso, 97% desses profissionais atuam na capital, Boa Vista.

Alguns motivos pela maior concentração de médicos em Boa Vista, segundo o primeiro secretário do Conselho Regional de Medicina em Roraima (CRM-RR), Patrick Araújo, é “a falta de um plano de carreira que fixe o profissional no interior, assim como as péssimas condições de trabalho, falta de insumos e equipamentos”.

Patrick Araújo é o primeiro secretário do Conselho Regional de Medicina em Roraima (CRM-RR). (Foto: Hélio Holanda)

Com o alto índice de profissionais, Boa Vista tem uma média de densidade médica 19 vezes superior à registrada no interior da unidade da federação. Na capital, são 2,72 médicos para cada mil habitantes e no interior, é 0,14 por mil habitantes.

Qualidade na formação

A Demografia Médica também mostrou que a idade média dos profissionais que atuam em Roraima é de 42,23 anos. Já a média do tempo de formado chega a 15,11 anos. No entanto, a maioria dos médicos não tem Registro de Qualificação de Especialidade Médica (RQE).

Apesar dos altos número, o presidente do CFM, José Hiran Gallo, teceu críticas à qualidade da formação em medicina no país, atrelada às condições de trabalho.

Os dados indicam que o estado conta hoje com mais médicos. Mas a que custo? Observamos a criação indiscriminada de escolas médicas no País sem critérios técnicos mínimos, o que afeta a qualidade da formação em medicina. Outra questão a ser observada é que o aumento do número de médicos depende também de melhores condições de trabalho e de estímulo aos profissionais no cumprimento de sua missão. A qualidade da assistência não é uma questão apenas matemática, mas que exige planejamento e boa gestão

pontuou Gallo.