
Por muito tempo, os carboidratos foram vistos como vilões nas dietas voltadas à saúde e ao emagrecimento. Cortados sem piedade de muitos cardápios, passaram a ser tratados como responsáveis diretos por ganho de peso, picos de glicose e inflamações. Mas um novo estudo da Tufts University, nos Estados Unidos, desafia essa visão e reforça uma mensagem importante: nem todo carboidrato é igual e os certos podem, sim, ajudar a viver mais e melhor.
Publicado recentemente, o estudo analisou os hábitos alimentares e indicadores de saúde de mais de 117 mil pessoas ao longo de duas décadas, com foco especial na qualidade dos carboidratos consumidos.
Os resultados mostram que dietas ricas em carboidratos de alta qualidade, como grãos integrais, leguminosas e vegetais, estão fortemente associadas a menor risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, inflamações crônicas e até mesmo declínio cognitivo.
Segundo os pesquisadores, carboidratos bons são aqueles que vêm acompanhados de fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes. Entre os principais exemplos estão: Grãos integrais, como aveia, quinoa, arroz integral e centeio; Leguminosas, como feijão, lentilha e grão-de-bico; Vegetais ricos em amido, como batata-doce e abóbora; e Frutas inteiras, com destaque para maçã, pêra, morango e banana.
Esses alimentos têm índice glicêmico mais equilibrado, o que evita picos de açúcar no sangue e contribui para uma liberação de energia mais estável ao longo do dia. Além disso, auxiliam na função intestinal, aumentam a saciedade e proporcionam nutrientes essenciais para o funcionamento adequado do organismo.
O estudo também reforça que o problema está nos carboidratos ultraprocessados e refinados, como pães brancos, doces, bolos industriais, refrigerantes e cereais açucarados. Esses produtos são pobres em fibras e nutrientes, e estão associados a maior risco de doenças metabólicas, obesidade e inflamação.
Outro achado importante da pesquisa é a relação entre o consumo de carboidratos saudáveis e o envelhecimento com qualidade. Participantes que mantiveram uma alimentação rica em grãos e vegetais apresentaram menor incidência de declínio cognitivo após os 70 anos, além de mais mobilidade, menos dependência de medicamentos e menor fragilidade física.