Política

Três parlamentares de Roraima se manifestam sobre gravações de Moro

Opinião em comum é que conteúdo das mensagens não interfere na importância da Operação Lava Jato para o país

A recente divulgação de mensagens entre o ministro Sérgio Moro e o Procurador da República, Deltan Dallagnol, causaram grande repercussão no cenário político nacional, sendo o principal temor a possibilidade de o vazamento atingir o andamento da Operação Lava Jato.

A Operação que também tem grande importância para o cenário político em Roraima, visto que vários ex-parlamentares estão sendo investigados, a Folha entrou em contato com os deputados e senadores da bancada roraimense para saber o posicionamento deles sobre o assunto. De todos que foram procurados, somente três deles se posicionaram sobre o assunto, com pensamentos diversos entre si, porém, com um ponto em comum: sem questionar a importância da manutenção da Lava Jato.

O primeiro parlamentar, deputado federal Haroldo Cathedral (PSD), condenou o vazamento das mensagens e a forma como o conteúdo foi obtido, segundo ele, ilicitamente. O deputado diz ter receio da “obtenção ilícita de dados e a sua transmissão a terceiros”, sem a criteriosa apuração.

Já com relação à conduta do ministro Sérgio Moro, o deputado afirmou que tem total confiança no trabalho desenvolvido pelo agente público e considera a Lava Jato como a maior operação de combate à corrupção da história brasileira.

“Defendo que a Lava Jato está acima de qualquer dúvida e estas interceptações ilegais não diminuem a sua importância histórica para o país. Devemos lembrar que a corrupção realmente existiu e precisa ser enfrentada”, declarou Haroldo.

Já a possível troca de mensagens entre o juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan não foi vista com bons olhos pelo coordenador da bancada de Roraima, deputado Hiran Gonçalves (PP). O parlamentar concorda que a Operação Lava Jato foi de grande importância para o país por ter conseguido frear uma corrupção histórica, mas ressalta que a situação é preocupante caso os diálogos forem comprovados como verdadeiros, por conta da ‘questão do ativismo do judiciário’.

“Acho que isso fere o estado democrático de direito. Deve haver uma absoluta independência entre o Poder Judiciário e o Ministério Público que é, enfim, o dono da ação penal. É inadmissível a gente ter um processo correndo na Justiça e descobrir que o promotor que ofereceu a denúncia está sendo orientado pelo juiz que vai julgar você, com o máximo de subsídio e estratégias para lhe condenar”, avaliou.

A Folha também entrou em contato com os demais deputados federais, porém, não recebeu retorno. Somente a Assessoria de Comunicação do deputado Jhonathan de Jesus (PRB) informou que o mesmo não iria se manifestar sobre o assunto.

SENADO – Por sua vez, o senador Telmário Mota (Pros) diz que o vazamento das mensagens é grave em vários aspectos, principalmente, por conta da invasão dos meios de comunicação de autoridades.

Porém, ressalta que a Lava Jato tem seu papel firmado na história do país, independente da divulgação das mensagens. “A Operação é um marco na história do Brasil, pois colocou na cadeia aqueles que se achavam acima do poder. Tanto na comunidade empresarial, quanto política”, afirmou o parlamentar. “Se as mensagens forem verdadeiras prejudica muito os homens que estavam praticando elas, mas não a Operação”, completou.

Assim como os representantes na Câmara Federal, a Folha também acionou os representantes do Estado no Senado, porém também não obteve retorno até o fechamento da matéria. (P.C.)