INFRAESTRUTURA

Políticos da Amazônia pressionam por construção da BR 319

Na última semana, os parlamentares se manifestaram pelo desenvolvimento da rodovia em meio à seca na região

Um dos piores trechos da rodovia federal BR-319, em Manicoré (Foto: Lucas Luckezie/FolhaBV)
Um dos piores trechos da rodovia federal BR-319, em Manicoré (Foto: Lucas Luckezie/FolhaBV)

Os deputados estaduais, federais, senadores e governadores de estados da Amazônia estão pressionando o governo federal pela pavimentação da BR 319, estrada que conecta Manaus (AM) a Porto Velho (RO). Os políticos estão se manifestando pelo desenvolvimento da rodovia em meio à seca na região.

Na Câmara Federal, o deputado Fausto Santos Júnior (União-AM) lançou formalmente a Frente Parlamentar em Defesa da BR-319. A iniciativa contou, segundo Júnior, com mais de 200 assinaturas de parlamentares de estados da região. De Roraima, o deputado Duda Ramos é segundo vice-presidente da Frente.

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No mesmo dia, o governador do Amazonas, Wilson Lima, e parlamentares da bancada do estado, pediram ao vice-presidente, Geraldo Alckmin, o comprometimento do Planalto. A reunião em Brasília também contou com a participação de sete ministros: Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Marina Silva (Meio Ambiente) e Waldez Góes (Integração Regional).

“O que a gente precisa é de um comprometimento político [do governo federal]. A gente precisa entender o seguinte: há determinação do governo federal, há interesse efetivo de que a BR-319 caminhe? É complexo. Mas é impossível? Não é impossível. Então é necessário que seja garantido o direito que é básico do cidadão do estado do Amazonas”,

disse Lima a jornalistas no Planalto.

Investimento na rodovia

O governador e os parlamentares apontam a construção da rodovia que corta a Amazônia como forma de enfrentamento à seca severa em rios da região. Segundo o deputado federal Fausto Santos Júnior, ela foi utilizada para o transporte de oxigênio quando a pandemia afetou drasticamente o estado do Amazonas.

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Para o parlamentar, o investimento na BR 319 também é um incentivo à manutenção de outras rodovias que ampliam as rotas brasileiras. “Entre outros argumentos, e uma questão nacional porque nós estaremos ligando o Brasil com Georgetown [Guiana], também à Venezuela. Seriam mais duas rotas de escoamento do nosso agronegócio”, explicou na apresentação da Frente Parlamentar.

Em julho deste ano, a Associação PanAmazônia enviou carta aberta ao ministro de Transportes, Renan Filho, apresentando as necessidades mais urgentes na malharia rodoviária na região Norte. A primeira delas era: o asfaltamento e a manutenção das rodovias BR 319, BR 174 e BR 163.

Oposições

O governo Lula (PT) incluiu no Novo PAC estudos para a pavimentação da BR-319 e diz que ela só sairá do papel se se mostrar viável ambientalmente. Apesar de Renan Filho se mostrar favorável à medida, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é contrária.

A pavimentação da BR-319 se arrasta há décadas e sofre imensa resistência dos ambientalistas. Segundo documentos do processo de licenciamento ambiental em curso no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), a obra pode provocar mais grilagem de terras públicas no curso da rodovia, ampliar o desmatamento ilegal e impulsionar a exploração criminosa de madeira.

*Com informações da Folha de S. Paulo