Política

Parlamentares de Roraima se manifestam contra vinda de Maduro ao Brasil

Coronel Chagas (PRTB) também rechaçou a declaração de Lula sobre a crise venezuelana ser uma “narrativa de antidemocracia e autoritarismo".

Os parlamentares de Roraima se manifestaram contra a vinda do presidente venezuelana, Nicolás Maduro, ao Brasil. Os atos de repúdio ocorreram em sessão nesta quarta-feira (31), na Assembleia Legislativa e Câmara Municipal de Boa Vista.

O presidente venezuelano visitou o país na segunda-feira (26) para a reunião com os chefes de Estado de países da América Latina. O ato, que partiu do presidente da república, Lula, causou desconforto entre os brasileiros, principalmente os roraimenses.

O deputado Coronel Chagas (PRTB) usou a tribuna para, além de repudiar a vinda de Maduro, rechaçar as recentes declarações de Lula de que a Venezuela é vítima de uma “narrativa de antidemocracia e autoritarismo”. A fala do presidente que questionava as sanções econômicas impostas ao povo venezuelano.

“Nós ficamos surpresos com essa declaração. O sofrimento do povo venezuelano é imposto por uma ditadura, que fez com que milhões deixassem os seus lares para buscar comida para os seus familiares em outros países, e o nosso presidente vem dizer para o mundo que isso é apenas narrativa”, desabafou o parlamentar.

Segundo Chagas, desde o aprofundamento da crise humanitária venezuelana, o contingente populacional de Roraima aumentou cerca de 25%. Para ele, o presidente se preocupa em atender suas bandeiras políticas e ignora os reais impactos dessa migração em massa quando visita o Estado, especialmente quanto ao colapso dos serviços públicos.


Coronel Chagas disse que o presidente Lula deveria olhar para Roraima além das questões ambiental e indígena. (Foto: divulgação)

O deputado estadual disse que Lula precisa vir a Roraima para ver de perto os impactos da migração venezuelana. “Mais de 800 mil venezuelanos ingressaram no Brasil por Roraima e mais de 200 mil estão aqui, em um Estado que tem cerca de 600 mil habitantes. Isso fez com que os nossos serviços públicos entrassem em colapso. A busca por empregos virou uma disputa, que dificulta o crescimento econômico do nosso Estado”, pontuou Chagas. 

O deputado Gabriel Picanço (Republicanos) também repudiou a vinda do venezuelano ao país. “Só nós sabemos das dificuldades enfrentadas na saúde, educação e segurança pública. Temos, por exemplo, mais de 400 venezuelanos no sistema prisional e quem arca com tudo isso somos nós”, destacou. Para Picanço, a presença de Maduro é “indecente e imoral”, e o governo federal não dá a assistência necessária ao poder público do Estado

“Lá na Venezuela, o salário mínimo é cerca de R$ 26. Como pode um país daquela magnitude, com a quarta maior reserva de petróleo do mundo, ter um salário como esse e o presidente brasileiro ainda dizer que é apenas uma narrativa? Repudio porque não merecemos e não queremos a presença dele aqui”, concluiu o parlamentar do Republicanos.

Em aparte, Aurelina Medeiros (PP) também questionou as declarações e cobrou que o uma atitude do Congresso Nacional. “Ontem, eu senti vergonha de ser brasileira. O presidente dizer que mandou alguém à Venezuela e que lá está tudo bem, que é mentira de todo mundo o que acontece lá? Não precisa ser inteligente para saber dessa realidade”, disse.

Linhão de Guri


Vereador Ítalo Otávio é contra retorno do fornecimento de energia da Venezuela para Roraima. (Foto: divulgação)

Durante o uso da tribuna nesta quarta-feira, o vereador Ítalo Otávio (Republicanos) também repudiou a presença de Maduro no Brasil. O parlamentar também condenou a ideia de Roraima retornar ao fornecimento de energia elétrica por meio do Linhão de Guri.

“É lamentável que milhares de habitantes paguem o preço novamente com a péssima energia vinda do Linhão de Guri da Venezuela. Estamos falando do comércio prejudicado, do setor público prejudicado e da estagnada em investimentos em nosso estado”, disse o parlamentar, que também mencionou os senadores Mecias de Jesus (Republicanos-RR) e Hiran Gonçalves  (PP-RR) por se manifestarem contra a presença de Maduro em solo brasileiro.