ALTO ALEGRE

Operação Plýsimo identificou compra irregular de combustível de aviação em tecelagem de São Paulo

Operação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira, 11

Agentes da Polícia Civil durante a ação (Foto: Ascom/PCRR)
Agentes da Polícia Civil durante a ação (Foto: Ascom/PCRR)

Entre os documentos apreendidos pela Operação Plýsimo, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 11, para apurar suspeita de superfaturamento na gestão do ex-prefeito de Alto Alegre, Pedro Henrique Machado (PSD), consta uma nota fiscal de compra de 53 mil litros de combustível de aviação pelo posto investigado no suposto esquema. A informação foi apurada com exclusividade pela Folha.

O mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça de Alto Alegre e cumprido pela Polícia Civil de São Paulo tinha como objetivo identificar a empresa que revendeu o combustível de aviação na capital paulista. Mas, para surpresa da equipe de policiais responsável pela diligência, no local funciona uma tecelagem e não uma distribuidora de combustíveis. Além disso, não consta nos registros contábeis do posto de Alto Alegre a nota fiscal de venda do combustível de aviação no valor de R$ 243 mil.

Fontes ouvidas pela Folha disseram que esse achado pode indicar participação da empresa e de seus responsáveis no garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, alvo de intensa fiscalização por parte do Governo Federal desde o ano passado. Por outro lado, a revenda de combustível de aviação é restrita no Brasil. Exige outorga da Agência Nacional de Petróleo – ANP, mediante comprovação de que possui instalação de armazenamento de combustíveis de aviação, localizada dentro de aeródromo público ou privado. Alto Alegre não dispõe de pistas de pouso e decolagem homologadas.

Com gasto milionário de combustível, Alto Alegre tem frota de apenas 54 veículos 

Documentos da Operação Plýsimo a que a Folha teve acesso, demonstram que entre os dias 15 de dezembro de 2023 e 29 de fevereiro de 2024,  a Prefeitura de Alto Alegre, então sob a gestão do ex-prefeito Pedro Henrique Machado, faturou R$ 2,1 milhões em combustível. Chama a atenção o tamanho da frota do município. Oficialmente são 54 veículos, um forte indício de superfaturamento e fraude na compra desse insumo.

O gasto realizado pelo município, que tem 21.066 habitantes, segundo o Censo 2022 do IBGE, é maior que o de Boa Vista, a capital de Roraima, que reúne quase 70% da população do Estado. 

Esse comparativo consta nos documentos que compõem a investigação. O gasto anual do Município de Boa Vista, por exemplo, é de R$ 8,5 milhões, em torno de R$ 800 mil por mês, enquanto somente em fevereiro deste ano, a Prefeitura de Alto Alegre gastou R$ 1,4 milhão.

O comparativo do valor gasto pela gestão do município nos 74 dias em que o ex-prefeito Pedro Henrique Machado permaneceu afastado, no ano passado, corrobora os indícios de irregularidades na compra de combustíveis, pois o total faturado foi 200% menor.

A Operação – A ação, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 11, cumpriu 14 mandados de Busca e Apreensão expedidos ontem pela Comarca de Alto Alegre. Houve ainda um mandado de prisão contra um empresário, que se encontra foragido.

As buscas foram realizadas em Alto Alegre, Boa Vista, Mucajaí e em São Paulo, na sede da Prefeitura, em estabelecimentos comerciais e na casa do ex-prefeito Pedro Henrique Machado. O atual prefeito Valdenir Magrão (MDB) não faz parte da investigação. 

Foto: Ascom/PCRR