Durante a primeira reunião presencial do Conselho Popular dos Brics, realizada no Rio de Janeiro, movimentos sociais venezuelanos entregaram formalmente um pedido de adesão tanto ao bloco quanto ao próprio conselho, que reúne organizações sociais dos países-membros. A solicitação foi apresentada pela deputada venezuelana Blanca Eekhout, que também preside o Instituto Simón Bolívar de Amizade com os Povos.
O gesto marca uma nova tentativa de aproximação da Venezuela com o Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, além dos novos integrantes admitidos em 2024: Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
Rejeição anterior e tensões diplomáticas
Em 2024, durante a cúpula do Brics realizada na Rússia, o pedido da Venezuela para integrar o bloco como membro pleno foi rejeitado, gerando tensão diplomática entre Brasília e Caracas. À época, o Brasil se posicionou contra a entrada da Venezuela, alegando falta de transparência no processo eleitoral do país vizinho.
Em contraste, Rússia e China expressaram apoio à inclusão venezuelana, defendendo uma maior representação de aliados sul-americanos no bloco. A mesma cúpula, no entanto, reconheceu oficialmente a existência do Conselho Popular dos Brics, instância dedicada à articulação de movimentos sociais, sindicatos, coletivos e organizações populares dos países-membros.
Pedido reforça busca por inserção regional
Ao entregar o novo pedido de participação no Conselho Popular e, por extensão, uma reaproximação com o bloco, os movimentos sociais venezuelanos demonstram intenção de fortalecer sua inserção nas instâncias multilaterais da América Latina e do Sul Global.
Blanca Eekhout declarou que o objetivo é “somar à construção de um mundo multipolar mais justo, com a voz ativa dos povos e de suas lutas sociais”, destacando que o papel dos Brics vai além da geopolítica estatal e deve incluir participação popular efetiva.
O que são os Brics
Criado em 2006, o Brics é um bloco de cooperação entre economias emergentes que busca reformar a governança global, promover um sistema multipolar e equilibrado, e ampliar a cooperação em áreas como comércio, energia, desenvolvimento sustentável e relações Sul-Sul. Em 2024, o bloco passou por sua maior expansão, com a entrada de cinco novos países.
Além da atuação entre governos, o Brics também vem incentivando a criação de fóruns paralelos — como o Conselho Empresarial, o Banco dos Brics (NDB) e agora o Conselho Popular —, fortalecendo a presença de diferentes setores da sociedade nas decisões que moldam o futuro do bloco.