Política

Deputada cassada por fraude na cota de gênero se despede da ALE-RR

Betânia Almeida disse ser ficha limpa, alegou que não teve envolvimento com a fraude e pediu a revisão da lei que culminou em sua cassação

A deputada estadual Betânia Almeida (PV) se despediu da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), nesta terça-feira (18), com um discurso recheado de críticas à decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que cassou seu mandato por fraude na cota de gênero. Em seu lugar, assumirá o suplente José Lopes Primo, que obteve 2.833 votos.

Betânia disse ser ficha limpa, alegou que não teve envolvimento com a fraude, defendeu a punição a quem teria participado da fraude, e pediu respeito aos eleitores que lhe escolheram e a revisão da lei. Eleita em 2018 com 2.885 votos, ela disse entrar para a história como o primeiro “caso explícito” de violência política contra uma mulher “legitimamente eleita”.

“A menos de três meses para cumprir minha missão, estou sendo removida do cargo, condenada por um crime que jamais cometi”, declarou ela, lembrando dos ritos de registro de candidatura pelo PV em 2018 até assumir uma cadeira na Assembleia.

“Questiono a lógica dessa interpretação que puniu uma mulher por fraude em cota de mulheres. É sabidamente público que a responsabilidade de apresentar a lista de candidatas, respeitando a lei da gestão partidária, não era de minha responsabilidade tal atribuição e muito menos de meu conhecimento algum indício de fraude. O resultado é que agora a única mulher eleita é cassada pra dar posse a outro parlamentar, agora um homem, parabéns”, ironizou.

Betânia Almeida lembrou de ações de seu mandato, como 150 projetos de lei apresentados (dos quais 30 se tornaram lei) e mais de 300 indicações, além de sua atuação à frente da Ouvidoria e da Procuradoria Especial da Mulher na Casa.

A deputada estadual Lenir Rodrigues (Cidadania) endossou as falas da colega de parlamento, ao dizer que ela sofreu violência política institucionalizada. Lenir também a parabenizou pelo discurso e prestou solidariedade.

Embora 18 parlamentares tenham registrado presença no plenário, não havia quórum para analisar as matérias da ordem do dia, que foi transferida para a próxima sessão.