Política

Bolsonaro visita terra indígena yanomami

Na visita, também foi realizada a inauguração de uma ponte de madeira de 30 metros no município de São Gabriel da Cachoeira (AM)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou visita em comunidades indígenas localizadas no Amazonas, em fronteira com Roraima. Na ocasião, o chefe do Poder Executivo citou os casos de covid na região, reforçando ser favorável pelo ‘tratamento precoce’ da doença.

A visita do presidente compreendeu em uma inauguração de uma ponte de madeira de 30 metros no município de São Gabriel da Cachoeira (AM) e de visita às comunidades dos Balaios e de indígenas yanomamis. A área fica próxima do Pico da Neblina e da fronteira com a Venezuela, mas distante da comunidade Palimiú, alvo de recentes conflitos entre garimpeiros e indígenas.

Do 5º Pelotão Especial de Fronteira, do Exército Brasileiro, o presidente realizou a tradicional live de quinta-feira, informando que divulgará um balanço das atividades nos próximos dias, além de abordar os índices de coronavírus na região.

“Perguntei se a covid tinha chegado na comunidade deles e falaram que sim. E chegou e contaminou a maioria dos índios. Perguntei se algum tinha morrido, responderam que não. Nenhum tinha morrido na comunidade dos Balaios, que fica na BR 307. Eu perguntei se foi antes da vacina, ‘foi antes da vacina’, que já foram vacinados também. E não morreram por quê? O quê que aconteceu? Tomaram alguma coisa?, perguntei. Vamo lá, pessoal. Anota aí. Segundo eles, tá em vídeo, tomaram chá de ‘carapanaúba’, ‘saracura’ ou ‘jambu’”, disse o presidente.

Bolsonaro reforçou que o uso dos chás não tem comprovação científica, mas que foi o relato dos indígenas. “Depois adiantei um pouco mais e vim aqui para os yanomamis. Perguntei também o quê que fizeram, de modo que aqui tiveram poucos óbitos. Foram três, segundo relato deles. E eram pessoas, índios já bastante idosos. Com toda certeza, deveriam ter alguma comorbidade. E falaram que tomaram chá também, falaram dos três também”, completou.

O presidente voltou a citar a adoção de ‘tratamento precoce’ contra a covid, citando o uso de cloroquina de forma indireta, sem utilizar o nome do medicamento. “Eu não vou falar aquilo que eu tomei lá no Brasil, se não vão cortar o meu sinal da internet. Vocês sabem o que eu tomei. (…) Deixar bem claro que o que eu tomei, o pessoal toma direto na Amazônia. Sem receita médica. Toma para combater a malária. (…) Não mata, pessoal. Não mata. Assim como esse chá aqui não mata”, acrescentou.

GARIMPO – A visita do presidente causou repúdio entre associações de indígenas da região, quando foi anunciada ainda no início da semana. Na ocasião, lideranças indígenas emitiram nota informando que repudiam “a visita do presidente, senhor Jair Messias Bolsonaro, no território yanomami”. A nota foi assinada pelo presidente da Ayrca (Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes), José Mario Góes, pela presidente da Kumirayoma (associação de mulheres), Erica Figueiredo, e por outras quatro lideranças locais.