Polícia

Valor da cocaína achada em avião pode passar de R$ 26 milhões

Um monomotor da fabricante Cessna Aircraft, matrícula PT-JSN, fez um pouso forçado na manhã de sábado, dia 6, na BR-174, 15 quilômetros após a sede do município de Iracema, região Centro-Sul de Roraima. A aeronave transportava 470kg de cocaína pura, segundo pesagem feita pela Polícia Federal.

A apreensão da aeronave ocorreu após monitoramento feito pela PF e pela Força Aérea Brasileira que interceptaram o voo, obrigando o piloto a fazer um pouso forçado na BR 174, município de Iracema/RR. O piloto e o comparsa tentaram fuga em uma moto roubada, mas foram capturados. Durante o interrogatório, na Superintendência da Polícia Federal, o piloto informou que a droga foi pega no município de Pacaraima, mas não quis informar quem forneceu e nem o destino final.

Considerando a quantidade de cocaína pura encontrada no avião (470kg) e o custo do quilo da substância, que no Brasil, segundo informações do Relatório Mundial sobre Drogas organizado pelo Escritório para Drogas e Crime da Organização das Nações Unidas (UNODC) está sendo vendido por 13 mil euros o quilo. Em uma conta rápida usando a cotação do domingo, de 4,29 o valor do Euro, conclui-se que o quilo vendido por esse preço, multiplicado pelos 470 kg, resulta no total estimado de 6,110 milhões de euros, ou mais de R$ 26 milhões de reais.

Se fosse vendida em países da Europa, o valor seria bem maior, pois o Brasil é o país que vende a droga no varejo pelo menor preço. 

A droga foi a maior quantidade já apreendida no Estado. Tudo que foi apreendido na aeronave interceptada pela FAB (Força Aérea Brasileira) em parceria com a Polícia Federal (PF), foi levada para a superintendência, em Roraima, para ser periciada.

Ao fim dos procedimentos, os envolvidos foram levados para a Penitenciária Agrícola Monte Cristo (Pamc), na zona Rural do município, onde permanecerão à disposição da Justiça. 

Ocupante de aeronave que transportava cocaína é presidiário


José Elciclei Calixta Oliveira é condenado a 9 anos e cumpria pena no semiaberto (Foto: Divulgação)

Um dos ocupantes do avião Cessna Aircraft que levava aproximadamente 450 kg de cocaína está na condição de preso desde o ano de 2014 e, por determinação da Justiça, deveria estar cumprindo pena em regime semiaberto, porque responde pela acusação do crime de estupro de vulnerável. De 2017 a 2019, José Elciclei Calixta de Oliveira, 43 anos, foi beneficiado com sete saídas temporárias, segundo informou a Dicap (Divisão de Inteligência e Captura) da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc).

Consta na ficha criminal de Oliveira que ele deu entrada no sistema prisional no dia 20 de setembro de 2014, sendo recolhido preventivamente na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc). Em 13 de maio de 2015, ele acabou sendo transferido da Pamc para a Cadeia Pública Masculina de Boa Vista (CPMBV), em virtude de apresentar bom comportamento durante o período em que ficou recluso naquela unidade.

Em 22 de agosto de 2017, foi condenando à pena de nove anos de reclusão, inicialmente em regime fechado, pela Vara de Crimes contra Vulneráveis. No entanto, em 9 de outubro, do mesmo ano, acabou tendo conduta carcerária classificada como boa, em virtude de não ter cometido nenhuma falha grave. 

No dia 23 ainda de outubro, o detento acabou ganhando progressão de pena para o regime semiaberto, tendo ainda ganhado o direito da saída temporária de fim de ano. Ainda segundo a Dicap, em dezembro de 2017, José Elciclei acabou sendo transferido da CPMBV para o Centro de Progressão Penitenciário (CPP), unidade que funcionava, na época, no bairro Pintolândia, onde também ganhou o direto de sair para trabalhar durante o dia e regressar a noite. 

No dia 28 de maio deste ano ele foi novamente transferido do CPP para a Cadeia Pública, onde ainda cumpria pena. O que chama a atenção em sua ficha é a quantidade de vezes que ele foi beneficiado com a saída temporária, sendo a última delas no dia 11 de maio. (J.B)

Proprietário disse que aeronave estava desaparecida há 23 anos


A aeronave pertence ao empresário de Itaituba, no Pará, Afábio Freitas Borges (Foto: Divulgação)

Após a apreensão de uma aeronave monomotor da fabricante Cessna Aircraft, matrícula PT-JSN, carregada com aproximadamente 450kg de cocaína pura, o cloridrato de cocaína, durante uma ação da Polícia Federal e da Força Aérea Brasileira (FAB), na manhã do sábado, dia 6, a reportagem da Folha entrou na página da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e descobriu que o avião está em nome do empresário de Itaituba (PA), Afábio Freitas Borges, com quem entramos em contato.

Ele contou que tomou conhecimento do caso e afirmou que vendeu a aeronave em junho de 1996 para um piloto que era seu amigo. O piloto em questão se chama Osmar Barreto dos Santos, que desapareceu misteriosamente após fazer um frete para desconhecidos usando o referido avião.

“O avião me pertence. Na época da venda, o meu amigo deu uma pequena entrada e disse que iria para Boa Vista, para produzir e pagar o avião. Na ocasião fretaram o avião e ele voou com desconhecidos e nunca mais voltou. Foi um desespero para a família dele e isso tem 23 anos. Na época eu perdi o amigo e o avião. Dessa aeronave eu nunca mais tive notícia, até chegar esse sábado [6]”, relatou o empresário.

Após o sumiço do piloto e do avião, o proprietário disse que procurou a Anac e pediu o cancelamento da matrícula, o que de fato ficou confirmado quando a reportagem acessou as informações da aeronave pelo site da Anac. Também vale ressaltar que o avião não tinha permissão para operar como táxi aéreo e está com toda a sua documentação irregular. No início dos anos 2000, Afábio disse que recebeu, com espanto, algumas multas decorrentes das operações de voo do avião no Sul do Brasil.

“Depois eu entrei com o processo na Anac justificando toda a história. Agora veio à tona esse acontecimento. Eu acho que Deus está mandando esse avião que foi roubado de volta para mim, mesmo que seja dessa forma muito difícil. Claro que não vai devolver a vida do meu amigo, mas vou fazer os trâmites legais para recuperar o equipamento. Estou organizando as coisas para nos próximos três dias viajar para Roraima”, salientou Afábio Freitas.

O empresário ainda revelou que não tinha restrição de roubo e furto porque o avião, na época tinha sido fretado e desapareceu. “Esse avião estava escondido em algum lugar de Roraima, operando escondido, porque nesse período de 23 anos ele ficou sumido. Como esse piloto pegou nesse avião? Agora cabe à Justiça iniciar o processo investigatório”, questionou o dono da aeronave.

Afábio declarou que para ter o avião de volta precisa regularizar toda a documentação, matrícula e navegabilidade junto aos órgãos competentes, o que pode lhe custar em torno de R$ 800 mil.

Após a apreensão, a aeronave foi transportada da BR-174 até o pátio do Posto de Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no região do Água Boa, zona Rural de Boa Vista. (J.B)