Polícia

Suspeito de assalto morre no HGR e família fica surpresa

Homem foi baleado terça-feira após supostamente tentar assaltar um supermercado no bairro Araceli; ele morreu na noite do mesmo dia

No começo da noite de terça-feira, 5, o suspeito do assalto a um supermercado na Avenida Rio Branco, no bairro Araceli, fato ocorrido na manhã do mesmo dia, morreu no Hospital Geral de Roraima (HGR) em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Ele foi identificado como Paulo Silva Breves, de 34 anos.

A polícia contou que quando ele entrou no supermercado, um policial militar fazia compras e depois de ser testemunha do crime, acompanhou Paulo até a saída do estabelecimento comercial, quando houve troca de tiros e o dono do estabelecimento foi atingido, enquanto o assaltante também foi alvejado e conseguiu fugir na moto, caindo na Rua Rio Ereu.

Os policiais detalharam que o documento da moto usada por Paulo estava no nome de seu irmão por parte de pai. Por outro lado, a placa do veículo constava como sendo de uma Honda Pop 100 cilindradas, sendo que o veículo usado para execução do crime era uma Honda Titan 150 cilindradas, cor prata, mas que estava com a carenagem pintada de preta e uma capa da mesma cor no tanque. A placa do veículo também estava adulterada com fita isolante.

A polícia contou que fez uma consulta na Divisão de Inteligência e Captura (Dicap) e, apesar de não haver qualquer registro de que Paulo tenha sido preso, havia contra ele um mandado de prisão em aberto, expedido pela 1a Vara da Família. A pistola que estava na cintura dele na verdade se trata de um simulacro, no entanto, o revólver calibre 38, com seis munições deflagradas e numeração raspada, não era uma imitação.

Paulo foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até o Pronto-Socorro Francisco Elesbão, no HGR, já o dono do comércio foi levado ao mesmo local por familiares. O suspeito do assalto foi submetido a um procedimento cirúrgico, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no começo da noite.

Além das duas armas e da moto, também foi apreendida a quantia de R$ 1.918,85 que as vítimas contaram ter sido o valor roubado. Todo o dinheiro foi restituído ao dono do supermercado.

SUPREENDIDOS – Na manhã de ontem, 6, a reportagem da Folha conversou com a família, que aguardava a liberação do corpo no Instituto de Medicina Legal (IML). Os irmãos e o padrasto relataram que foram surpreendidos com a notícia porque não imaginavam que Paulo Breves estivesse envolvido com crimes.

“Ele não nasceu para ser bandido, nem atirar sabia. Não sabia usar. Infelizmente, meu filho morreu como bandido, mas não tinha no sangue a maldade nem malícia. Ele trabalhou durante 25 anos na Feira do Passarão vendendo polpa. Todo mundo conhecia o Paulinho da Polpa. Era a única coisa que ele sabia fazer. Ele era semianalfabeto, não tinha uma tatuagem pelo corpo”, disse o padrasto.

Para os familiares, Paulo Breves foi motivado por pessoas de má índole a praticar assaltos, porque era alguém altamente influenciável. Eles também consideraram que Breves estava passando por um momento delicado em suas finanças, inclusive devendo a fornecedores e agiota.

“Ele já não tinha mais onde morar e criava um filho deficiente. As pessoas que o levaram para a bandidagem foram as mesmas que o ‘faliram’. Quando tinha família estruturada, as vendas iam de vento em popa. Essas pessoas o levaram para a noitada. Ele não teve estrutura psicológica e alguém deu a pista para assaltar aquele supermercado, colocando-o de testa de ferro e ficou na esquina, esperando”, declarou o padrasto.

A pessoa que os familiares disseram ser a “arquiteta” do assalto é irmão de Paulo. “A moto que meu filho estava é do comparsa e o comparsa estava na moto do meu filho. Esse irmão dele foi o cabeça de tudo e depois foi ele quem deu a notícia para todo mundo. Teve gente que viu esse irmão dele nas proximidades”, afirmaram.

A família mora na Vila Félix Pinto, no município do Cantá, e confidenciou que Paulo Breves era reservado, não contava os problemas e não conversava com frequência.

“Por causa desse colapso financeiro, ele ficou até sem telefone. Nesses últimos dias, ele conseguiu um celular novo, no qual tem as conversas e ligações efetuadas e recebidas. Eu acredito que o mandado de prisão seja porque ele não pagou pensão. Ele tinha dificuldade para pagar por conta da situação financeira em que vivia. Foi nascido e criado em Roraima, deixa três filhos e era uma pessoa muito boa. Estava praticando um ilícito, mas não era bandido”, acrescentou. (J.B)