Após a morte do vigilante Edvaldo de Souza Canuto, 25 anos, que ocorreu na madrugada da quinta-feira, 26, na rua Álvaro Maia, bairro Aparecida, uma discussão passou a ser evidenciada nos bairros da Capital, especialmente a respeito da possibilidade de o crime estar relacionado ao domínio pelos territórios, considerando que as empresas disputam as áreas em que devem trabalhar. A vítima foi assassinada com um tiro na cabeça enquanto dirigia um veículo modelo Fiat/Uno, cor branca e, na ocasião, estava na companhia de outro funcionário da mesma empresa.
Há pouco tempo, o responsável por uma dessas empresas que prestam o serviço de segurança privada patrimonial procurou a Folha para relatar que seu grupo de trabalho estava sofrendo ameaças de homens que são funcionários de outra empresa, pelo fato de estarem patrulhando as mesmas ruas. Denunciou inclusive que, durante a discussão, um dos sujeitos sacou uma pistola e apontou para seu funcionário.
Na tarde de ontem, 27, retornamos ao bairro onde o fato ocorreu para conversar com alguns moradores. Um morador que preferiu não se identificar, temendo retaliações, declarou que não se sente seguro com o patrulhamento nas ruas porque o serviço não é de polícia e passa a ser suspeito na medida em que não se sabe quem está fazendo a segurança. “Eu não sei quem é o segurança que anda na moto, não conheço a empresa, me ofereçam o serviço e eu não aceitei porque segurança pública é coisa séria e responsabilidade do Estado. Eu já pago para ter segurança com meus impostos”, declarou.
Outra moradora, do bairro São Francisco, ressaltou que teme a possibilidade desses grupos serem milícias travestidas de empresas de segurança. “Eles se agridem, se matam querendo disputar as ruas dos bairros. Me pergunto quem credenciou essas pessoas para fazer esse tipo de trabalho. Eu não acho legal, mas também não critico quem está pagando. Mas quero explicar que quem paga, deixa de confiar no trabalho da polícia, porque num momento que acontecer qualquer coisa séria, essas empresas não vão poder resolver. Eles não são polícia. Eles ficam rondando as ruas, mas não há garantia nenhuma de que bandidos estão impedidos de entrar na sua casa ou de roubar a população nas ruas. Isso parece milícia, não segurança”, acrescentou.
Os moradores do bairro Aparecida ainda ressaltaram que a morte do vigilante afastou todos os seguranças da rua. “Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas na noite de ontem [quinta-feira] não tinha ninguém nas ruas. Eles não trabalharam. Será que estavam com medo da polícia levá-los para depor? O que estão temendo? Se são do bem, não têm que se esconder”, questionou.
A reportagem da Folha entrou em contato com o delegado titular da Delegacia Geral de Homicídios (DGH), Cristiano Camapum, para obter informações sobre a apuração da morte de Edvaldo. Ele respondeu que as investigações irão acontecer. Quanto ao trabalho das empresas, revelou que não há regulamentação e que, pessoalmente, não recomenda a contratação desse tipo de serviço.
Em nota, a Polícia Civil declarou que a equipe plantonista da DGH já iniciou as diligências que visam o esclarecimento do crime, tais como as circunstâncias, causas e autoria. O texto ainda reforçou que quem deseja contribuir para o esclarecimento do crime pode repassar informações ao Disque Denúncia, por meio do número 181, e que a identidade do denunciante será mantida em sigilo. (J.B)