DENÚNCIA

'Estão nos adoecendo', dizem policiais penais ao relatarem casos de assédio no Sistema Prisional

A reportagem da FolhaBV foi procurada por duas policiais que denunciaram o diretor do CPP

Casos de assédio foram relatados ao Sindicato (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Casos de assédio foram relatados ao Sindicato (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Os gestores do Sistema Prisional de Roraima mais uma vez são alvos de denúncias de assédio moral por parte de policiais penais. Desta vez, a reportagem da FolhaBV foi procurada por duas policiais que denunciaram o diretor do Centro de Progressão Penitenciária.

“Ele nos humilha, nos persegue, nos oprime, estamos ficando doentes por conta da forma que somos tratadas dentro do nosso trabalho por um assediador”, disse uma das policiais que preferiu não se identificar por medo de represálias.

O policial penal assumiu o cargo de diretor do CPP há pouco mais de 1 mês, e segundo as denunciantes, nesse período, três mulheres policiais apresentaram atestado psiquiátrico.

Nos últimos 15 dias, três policiais penais que atuam no CPP apresentaram atestado psiquiátrico (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

“Eu nunca me imaginei nessa situação, sou uma mulher forte, mas hoje me vejo acuada, triste. Quando chega perto da hora de assumir o plantão começa a me dar dor de barriga, ânsia de vômito. Fui ao médico e recebi o laudo de ansiedade e depressão”, conta uma das policiais afastadas por atestado médico.

Entre os relatos de problemas de saúde por conta dos casos de assédio, está o de uma policial penal que está sofrendo de Alopécia, uma doença que provoca a queda de cabelo por conta do estresse, deixando algumas clareiras completamente sem fios no couro cabeludo.

Policial penal está sofrendo de alopecia decorrente do estresse (Foto: Arquivo pessoal)

As policiais registraram a denúncia no Ministério Público de Roraima e na Corregedoria da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc).

Sindicato afirma que Corregedoria está servindo de mordaça a policiais penais

Na tarde desta quinta-feira, 14, a reportagem esteve na sede do Sindicato dos Policiais Penais (Sindippenrr), onde as duas policiais penais ouvidas pela FolhaBV estiveram buscando ajuda sobre os casos de assédio moral. Elas foram recebidas pela presidente do Sindicato, Joana D’Arc Soares, que informou que o Sindippenrr, está atento às denúncias que segundo ela, estão por todo o sistema prisional.

“Estivemos na Vara de Execuções fazendo essas denúncia, vivemos em um momento de perseguição dentro do Sistema, de ameaças de não progredir os policiais, há meses esse sindicato vem denunciando vários casos de abuso dentro da secretaria, inclusive de abuso sexual”, disse.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE



CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE



Segundo Joana, a categoria pede socorro. “Hoje quero me voltar para as autoridades, esse é um pedido de socorro, nossos policiais estão doentes. A cada dia o número de atestados psiquiátricos vem amamentando. Inclusive, começamos a ofertar junto com uma empresa privada atendimento psiquiátrico para nossos policiais”, informou.

Joana disse ainda que a Corregedoria da Sejuc tem sido usada como instrumento de ameaça. “A Corregedoria está servindo como uma mordaça aos policiais, pelo secretário e toda sua corja. O que era pra ser um órgão de correção se tornou um mecanismo para intimidar os servidores”, acrescentou Joana.

Joana recebeu na tarde desta quinta-feira, 14, duas policiais penais que denunciam casos de assédio (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O que diz a Sejuc

A Secretaria de Justiça e Cidadania informa que nesta quinta-feira, 14, chegou ao conhecimento da Corregedoria Geral da Sejuc denúncia de possível situação de assédio moral que estaria ocorrendo no âmbito da direção do Centro de Progressão de Pena.

Na oportunidade, servidoras formalizaram a denúncia, que será apurada conforme os trâmites legais vigentes em relação ao caso.

A Sejuc esclarece que a Corregedoria é o setor da instituição que tem como objetivo o exercício das atividades relacionadas à prevenção e apuração de irregularidades funcionais praticadas por servidores públicos que exercem funções no âmbito do sistema penitenciário do Estado.

É importante ressaltar que o setor é composto por policiais devidamente capacitados e aptos a atuarem com independência e imparcialidade ante às apurações, atuando em total conformidade com os preceitos legais da seara disciplinar havendo, inclusive, controle externo de análise dos processos disciplinares pela Procuradoria do Estado.