Por Michele Domingues Figueira
O estudo “Aprendizagem na Educação Básica: situação brasileira no pós-pandemia”, do Todos Pela Educação, revela que, mesmo com sinais de recuperação, o cenário ainda não voltou ao que se observava em 2019. Esse retrato demonstra a importância de as instituições de ensino adotarem a escuta ativa na educação, promovendo a aprendizagem e, ao mesmo tempo, respeitando e compreendendo as expressões, pensamentos e sentimentos das crianças.
Segundo o pedagogo Loris Malaguzzi, criador da abordagem Reggio Emilia, essa escuta envolve observar com sensibilidade, interpretar com empatia e responder com respeito. Em outras palavras, o professor reconhece a criança como um sujeito potente e criativo, capaz de construir conhecimento e dialogar com o mundo.
Nesse contexto, a escuta ativa transforma o processo de aprendizagem em uma experiência mais significativa, conectando as propostas pedagógicas aos interesses dos estudantes. Com isso, o processo educativo torna-se vivo, relacional, prazeroso, transformador e humano, assumindo um papel essencial dentro do ambiente escolar.
Transformando relações
A escuta ativa na educação é uma das atitudes mais importantes para a construção da identidade humana, pois atribui significado e valor às perspectivas do outro. Praticá-la por meio de rodas de conversa, registros das falas e ações dos pequenos, além da observação atenta, favorece a participação delas no processo de aprendizagem com empolgação e curiosidade.
Essa prática também fortalece os vínculos entre pares, tornando-os mais próximos e significativos. Além disso, permite ao educador conhecer melhor as necessidades e interesses dos estudantes, dando-lhes voz e conectando seus saberes ao currículo escolar.
Uma aliada no desenvolvimento
No campo do desenvolvimento humano, a escuta ativa apoia a construção da identidade, autonomia, autoconfiança e do pensamento crítico, aspectos fundamentais na infância, fase de formação de si, do outro e do mundo ao seu redor.
Ao criar um ambiente seguro, respeitoso e acolhedor, é possível estabelecer vínculos afetivos saudáveis, fortalecendo a autoestima e mostrando às crianças que elas são competentes e capazes de transformar sua realidade. Não menos importante, promover espaços em que os estudantes possam pensar criticamente e se comunicar de forma eficaz contribui para a formação de sujeitos ativos em suas próprias histórias.