Por Simone Doms
A autonomia infantil tem ganhado cada vez mais relevância no debate educacional, por estar diretamente ligada ao desenvolvimento integral da criança. Ela contribui para a formação de sujeitos críticos, responsáveis e capazes de tomar decisões. Inclusive, documentos atuais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), reforçam a importância da participação ativa dos estudantes desde os primeiros anos.
O que é autonomia infantil?
Na prática, significa permitir que as crianças façam pequenas escolhas no dia a dia, cuidem de si mesmas e do ambiente, expressem opiniões e participem ativamente de suas aprendizagens. Envolve, por exemplo, escolher materiais para uma atividade, organizar seus pertences, participar da montagem de cardápios ou de projetos coletivos, resolver conflitos com apoio do adulto e buscar soluções para desafios simples.
A construção da autonomia infantil, por sua vez, é um processo que deve ser mediado pelo educador, por meio da oferta de um ambiente seguro, do respeito ao tempo da criança e do estímulo da curiosidade, iniciativa e senso de responsabilidade.
Benefícios
Quando a autonomia infantil é incentivada e respeitada, as crianças se tornam mais confiantes, assumem seu papel com mais naturalidade e mostram maior disposição para buscar soluções, desenvolvendo resiliência e protagonismo.
Ao serem estimuladas a tomar decisões e refletir sobre suas escolhas, elas aprimoram o pensamento crítico, aprendem a questionar, a analisar situações e a entender que suas ações têm consequências. Isso fortalece o senso de responsabilidade e a compreensão de que suas atitudes impactam tanto a si quanto ao outro.
A autonomia na infância também favorece a empatia. Ao se sentirem respeitadas em suas escolhas, as crianças aprendem a respeitar as escolhas dos colegas, o que torna o ambiente mais colaborativo e solidário.
A escola como parceira da autonomia infantil
A construção dessa autonomia depende de práticas pedagógicas intencionais, planejadas com base no conhecimento do desenvolvimento infantil, que ofereçam experiências nas quais a criança possa pensar, agir e decidir, sempre com a mediação cuidadosa do educador.
O papel do professor é ser um mediador sensível e ético. Cabe a ele oferecer opções reais, adequadas à faixa etária, escutar as preferências das crianças e explicar com clareza os limites e possibilidades de cada escolha. É fundamental acolher as decisões dos pequenos, mesmo quando são diferentes das que o adulto espera, e garantir que todos participem ativamente. O educador é, assim, um guia que promove o diálogo, o respeito mútuo e a responsabilidade individual e coletiva.
O papel da família
Quando família e escola trabalham em parceria, alinhando objetivos e práticas, o processo de desenvolvimento da autonomia infantil se torna ainda mais consistente, natural e significativo para a criança. Assim, oferecer um ambiente seguro, afetuoso e estimulante em casa, no qual a criança possa realizar tarefas, tomar pequenas decisões e enfrentar desafios cotidianos, pode fortalecer o trabalho realizado na escola.
Em um mundo em constante transformação, o estímulo da autonomia deve ser contínuo, dentro e fora do ambiente de aprendizagem, e desponta como um caminho promissor para que os pequenos cresçam como indivíduos conscientes, críticos, responsáveis e confiantes.