Luciana Santos, Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação-MCTI
Luiz Antonio Elias, Presidente da Financiadora de Estudos e Projetos- FINEP

Governos e pesquisadores de todo o mundo se preparam para a COP30, e a escolha de Belém como sede dessa importante Conferência demonstra que não há solução para a crise climática sem a Amazônia. Em uma via de mão dupla, não há Amazônia sustentável sem ciência.

A transição energética e a descarbonização encontram na ciência a trilha mais segura para medidas concretas. Em sua fala histórica na Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2025, o presidente Lula advertiu que a corrida por minerais críticos, indispensáveis à transição, não pode repetir a lógica predatória que marcou os últimos séculos. Sua mensagem foi clara: é hora de transformar a urgência climática em ação política real. Como destacou, “será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta”.

Essa convocação ecoa as mensagens urgentes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas para a “janela de oportunidade” que se fecha rapidamente. Nesse cenário, o Balanço Global do Acordo de Paris (GST) ganha relevância central, tendo sido “baseado na equidade e na ciência, unanimemente a referência que informa a cooperação internacional e as Partes no aprimoramento de suas ações, como nos lembra o embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da COP30.

A preparação da COP30 em Belém reflete essa urgência e traduz em prática a advertência presidencial: ciência, política ambiental, diplomacia e infraestrutura devem caminhar juntas, consolidando a imagem do Brasil como país capaz de alinhar conhecimento técnico e liderança política.

O reconhecimento do Brasil como potência climática resulta também de sua sólida capacidade científico-tecnológica. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação articula suas Unidades de Pesquisas, Universidades e empresas, com o CNPq e a FINEP apoiando pesquisadores e instituições em um ecossistema único no Sul Global. Essa articulação permite ao MCTI elaborar os documentos que são os compromissos oficiais do Brasil para a Convenção do Clima e Acordo de Paris. Suas Unidades contribuem com o Inventário Nacional de Emissões, Plano Clima e outras Políticas Públicas.

Um desdobramento desse trabalho foi a formulação da meta de redução de 59% a 67% das emissões líquidas até 2035, apresentada pelo Brasil na COP29 – resultado de um esforço interministerial que traduz em números a interseção entre ciência e decisão política. Paralelamente, os projetos na Amazônia, como LBA, AmazonFACE, Torre ATTO e Esecaflor, tornaram-se referências para o IPCC, revelando como a floresta interage com o clima. Como complemento, plataformas como Sirene, Sinapse e SiBBr democratizam dados estratégicos, enquanto o Adapta Brasil oferece respostas inovadoras à crise climática.

O investimento federal de R$ 1,5 bilhão em infraestrutura científica – incluindo supercomputador do INPE, satélites, Torre ATTO, coleções biológicas e 122 projetos contratados na região Norte – somado a R$ 2,5 bilhões aplicados em projetos de transição energética, comprova o vigor dos compromissos assumidos. São resultados que dão materialidade à advertência do presidente Lula na ONU: compromisso com o clima exige ciência, tecnologia e justiça social.

Assim, quando todos pisarem o chão da floresta na COP30, o Brasil apresentará ao mundo um modelo concreto de articulação entre ciência, Estado e sociedade. Mais do que anfitrião, será referência técnica e diplomática na construção de soluções para o planeta.

Com a Amazônia no centro da agenda e a ciência como bússola, o Brasil reafirma sua liderança para enfrentar a crise climática – pronto para inspirar e construir, junto com o mundo, uma resposta à altura do desafio que a ciência e a política, juntas, nos convocam a enfrentar.