Cotidiano

Roraima está em primeiro no ranking nacional de vacinação contra o HPV

Estado de Roraima tem 95,4% de cobertura vacinal para meninas de nove a 15 anos de idade, conforme dados do Ministério da Saúde

Durante evento promovido pelo Instituto Oncoguia, em São Paulo, na segunda-feira, 04, o Ministério da Saúde (MS) divulgou dados sobre a cobertura vacinal de combate ao vírus do papiloma humano, normalmente conhecido por HPV, desde o início da implantação da vacina em território nacional, em 2014, até junho deste ano.

Em todo o país, Roraima está em primeiro lugar no número de cobertura nacional, com 95,4% de imunização para meninas na faixa etária de nove a 15 anos de idade, público alvo da vacinação. Já para a segunda dose da vacina, o número cai para 60,7%, porém, continua em alta, ficando em segunda colocação entre todas as unidades federativas.

Segundo a coordenadora substituta do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde, Ana Gorreti Maranhão, o dado é surpreendente, considerando que a região Norte tem o maior índice do país de mulheres vítimas do câncer do colo do útero, uma das principais doenças causadas pela infecção com o HPV, seguida pelo câncer peniano, vaginal, anal, na garganta e as verrugas genitais.

Apesar dos índices positivos, os registros nos demais estados são preocupantes. “A cobertura vacinal de meninas de nove a 15 anos, entre 2014 a junho de 2017 no Brasil é de somente 46,2%, o que representa 5,3 milhões de pessoas”, informou Gorreti.

ÍNDICE MUNICIPAL – Com relação aos municípios, a metade está com baixa cobertura da segunda dose em meninas de nove a 15 anos. Para as meninas, nessa faixa etária, a média de cobertura vacinal da primeira dose da vacina contra o HPV é de 73,6%. Já da segunda dose, a porcentagem cai para menos da metade, com 43,2%. Para os meninos, na faixa etária de 12 anos, a média da cobertura da vacina é de 21,7% e os jovens de 13 anos, a média é de 18,7%.

Em Roraima, dos 15 municípios, três deles são considerados com a imunização muito baixa, oito deles com a vacinação baixa e quatro com a imunização adequada. “Somente 8% dos municípios brasileiros estão com cobertura adequada nesse país”, lamentou Ana Gorreti. “É absolutamente preocupante”, acrescentou.

DESAFIOS – Para a coordenadora, existem alguns pontos principais e desafios a serem ultrapassados para que o índice de vacinação contra o HPV melhore no Brasil. “A primeira delas é a questão da própria família. O preconceito e a ideia de sexualidade que está atrelada à vacina de HPV”, explicou. “HPV não é uma questão de promiscuidade, de infidelidade, de iniciação sexual. Temos que desmistificar. O grande motivo da vacinação é para a prevenção de câncer tanto no homem quanto na mulher. É uma vacina que vai garantir o futuro dos adolescentes com saúde”, reforçou a coordenadora.

Outro ponto é com relação às campanhas de vacinação no país. “Hoje nós somos penalizados pelo sucesso do programa nacional de imunização. Como esse programa conseguiu eliminar uma série de doenças no país, como pólio, sarampo e rubéola, temos muitos profissionais de saúde sem contato com os sintomas dessas doenças. Acaba que o profissional, a família, sem contato com a doença, acha que não precisa vacinar. Eles se esquecem que a gente ainda tem a pólio em outros cantos do mundo e, com essa transação comercial, de turismo, de refúgio, a gente não pode dar bobeira. A vacinação tem que ser contínua”, frisou.

Outro grande problema de repressão à utilização da vacina é a faixa etária. “Questionaram o motivo de a população ser tão nova, mas quando se definiu, em 2014, que iríamos adotar o método da vacina no país, realizamos um estudo extenso e vimos que a melhor faixa etária era para adolescentes antes do início da vida sexual, também adotada pela maioria dos outros países”, disse a coordenadora. “A média de iniciação sexual no Brasil está entre 13 e 14 anos. No entanto, na região Norte, a média é de nove anos de idade. Como a gente não pode ter uma orientação diferente para cada região, a gente teve que de fato manter a questão da vacinação nessa faixa etária”.

MULTIVACINAÇÃO – Como uma tentativa de ampliar os índices de cobertura vacinal, o Ministério da Saúde realiza anualmente campanhas de multivacinação. A próxima está prevista para acontecer este mês, entre os dias 11 e 22 de setembro, tendo no sábado, 16, o Dia D de Vacinação.

“Vamos reforçar a importância da vacina durante toda a semana e no Dia D os postos vão ficar abertos de manhã e de tarde. A gente espera que assim a gente consiga melhorar os números e que as famílias levem esses adolescentes para vacinar. Todas as doses disponíveis no calendário nacional de imunização vão estar à disposição da população”, reforçou. (P.C.)