Cotidiano

Alunos deixam de ir à escola por falta de transporte escolar

Há dois meses sem aula, pais de alunos da Escola Estadual Clovis Nova da Costa dizem se sentir prejudicados com a falta do transporte escolar

KATTY MORAIS

Colaboradora da Folha

Cerca de 160 alunos da Escola Estadual Clovis Nova da Costa, conhecida popularmente como Jatapulândia, na BR-210, no município de Caroebe, correm o risco de perder o ano letivo devido à falta de transporte escolar.

Desde o início do ano, foram vários prejuízos envolvendo os carros que transportavam os alunos das áreas rurais da região à escola. Agora, para chegar à escola estadual, os estudantes dependem de carona ou do esforço físico para ir andando.

De acordo com informações dos pais de alunos, a escola teria ficado dois meses sem aula, retornando às atividades somente na quinta-feira, 27, após uma reunião coletiva entre os responsáveis dos estudantes, na qual decidiram que os filhos iriam para a aula mesmo que fossem andando.

A agricultora Cícera Silva, moradora da vicinal 010 do município, relatou os transtornos causados com relação ao transporte escolar da região.

“Faz uns quatro anos que esta situação vem prejudicando o aprendizado dos alunos. Tenho um filho e vários sobrinhos que perderam mais de 40 dias letivos este ano. Esses estudantes dependem exclusivamente do transporte escolar para irem à escola”, disse.

De acordo com Cícera, existem três questões relacionadas ao transporte escolar: o não pagamento dos motoristas, a falta de manutenção nos ônibus e a falta de combustível.

“Sempre há necessidade de algo, algumas vezes os próprios pais de alunos arcam com a manutenção do veículo. A escola atende seis vicinais da região. Sem o transporte não há possibilidade de que todos os alunos se direcionem até a sede de ensino”, informou a agricultora.

Para ela, a falta do serviço público tem causado sérios prejuízos aos alunos da localidade.

“As nossas escolas não possuem uma qualidade boa de ensino e, para piorar, passamos por isso. Se o aluno passa mais de 40 dias sem ir à aula, quando retorna não lembra dos conteúdos que estava estudando, sem falar que provavelmente muitos podem reprovar de ano”, lamentou.

Conforme a agricultora, a única informação dada aos pais dos estudantes é que não havia mais recurso para o combustível e a manutenção dos automóveis.

“Por diversas vezes fomos atrás de respostas e soluções para este problema. Acontece que os pais dos estudantes da vicinal 010 entrarão com um processo na Justiça pedindo indenização do Estado, porque os nossos filhos vão perder um ano letivo, devido essa situação”, relatou.

Ainda de acordo com Cícera, após os dois meses sem aula, os pais decidiram se reunir na quarta-feira, para tentarem solucionar o problema.

“A escola possui 160 alunos matriculados e, de acordo com a lei, só pode funcionar com 50% dos estudantes. Com isso, estamos mandando os alunos para a sede de ensino, a pé, outros de bicicletas, alguns a cavalo e outros de moto”, contou a agricultora.

Um aluno, que não quis ser identificado, disse se sentir prejudicado com a falta de ônibus escolar.

“Perdi muitos dias de aula e com isso corro o risco de reprovar de ano ou de passar sem saber nada. Estou na 3ª série do Ensino Médio e pretendia fazer vestibular no ano que vem. Retornamos às atividades na quinta-feira. Estou indo de bicicleta para a escola, percorro cerca de 20 quilômetros da minha casa até a unidade de ensino”, disse o estudante.

GOVERNO – Em nota, a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) informou que está apurando os fatos por meio do Departamento de Gestão do Interior para tomar as devidas providências e sanar o problema da melhor maneira. (K.M)