Portugal amanheceu em silêncio nesta quinta-feira, 04 de setembro. O governo decretou luto nacional depois que o histórico Elevador da Glória, um dos cartões-postais de Lisboa, descarrilou na tarde de quarta-feira, deixando 16 mortos e 21 feridos, sendo cinco deles em estado grave.
As autoridades informaram que os feridos incluem cidadãos de diversas nacionalidades, como portugueses, alemães, espanhóis, sul-coreanos, cabo-verdianos, canadenses, italianos, franceses, suíços e marroquinos, além de vítimas cuja nacionalidade ainda não foram confirmadas. Um brasileiro está entre os feridos, mas recebeu alta após atendimento no hospital.
Segundo comunicado oficial, o acidente ocorreu por volta das 18h, quando o elevador, que seguia em direção ao miradouro de São Pedro de Alcântara, perdeu o controle, recuou a ladeira e bateu contra um edifício na Baixa lisboeta. O Ministério Público abriu um inquérito para apurar responsabilidades, enquanto equipes de resgate e perícia seguem trabalhando no local.
Documentos preliminares apontam falhas na manutenção diária do equipamento, segundo o portal português Correio da Manhã. O contrato que previa a verificação regular dos cabos de tração foi suspenso no final de agosto, após o cancelamento do concurso público destinado à manutenção. Foi relatado que todas as propostas apresentadas superaram o orçamento estabelecido e o procedimento foi encerrado sem vencedor. Desde então, segundo fontes oficiais, inspeções diárias obrigatórias deixaram de ser realizadas.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa assinou o decreto de luto nacional, pedindo solidariedade às famílias e reforçando o compromisso de esclarecer as causas do acidente. “É um dia de dor profunda para Lisboa e para o país”, declarou.
Saiba mais sobre o Elevador da Glória
O Elevador da Glória, inaugurado em 1885, faz parte da identidade cultural da capital. Ligando a Praça dos Restauradores ao Bairro Alto, percorre 265 metros e transporta cerca de 3 milhões de pessoas por ano. Projetado inicialmente para funcionar com contrapeso de água, passou a vapor e, desde 1914, é movido a eletricidade.
Especialistas em segurança de transporte destacam que sistemas centenários exigem monitoramento constante e protocolos rigorosos para prevenir falhas mecânicas. O acidente reacende o debate sobre investimentos em infraestrutura histórica, conciliando preservação patrimonial e segurança de passageiros.