"AMIGO DO BRASIL"

Itamaraty se diz preocupado com eleições na Venezuela e país critica comunicado

Essa foi a primeira manifestação sobre o processo eleitoral venezuelano no governo do presidente Lula

O presidente brasileiro Lula com o ditador venezuelano Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O presidente brasileiro Lula com o ditador venezuelano Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em nota divulgada nessa terça-feira (26), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) manifestou preocupação com o processo eleitoral na Venezuela. O país criticou o comunicado horas depois.

O prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelanas terminou na última segunda-feira (25). Porém, a coligação de oposição ao atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou que não conseguiu registrar a candidatura da filósofa e professora universitária Corina Yoris.

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A nota do Ministério destaca que o impedimento do registro da candidatura não é compatível com os acordos assinados em outubro do ano passado, em Barbados, para promoção de diálogo, direitos políticos e garantias eleitorais na Venezuela. E que até o momento, não houve explicação oficial para este impedimento.

“O governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral. […] Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial.”

Diz a nota, vista como a primeira manifestação do Brasil sobre o pleito venezuelano no governo do presidente Lula.

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No entanto, mesmo sem o registro da opositora de Maduro, Corina Yoris, o MRE apontou que 11 candidatos ligados a correntes de oposição conseguiram registros para concorrer à vaga presidencial.

O Palácio Itamaraty anunciou que o Brasil, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, irá cooperar para que as eleições sejam um passo para a normalização da vida política e o fortalecimento da democracia na Venezuela. O MRE classifica o país vizinho como “amigo do Brasil”.

Corina Yoris foi indicada pela oposição após a principal adversária de Maduro, María Corina Machado, ser proibida pela Justiça de ocupar cargos públicos pelos próximos 15 anos, mas não conseguiu registrar inscrição para o pleito venezuelano. (Foto: EFE/ Rayner Peña R.)

Crítica venezuelana

Horas depois da divulgação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o governo da Venezuela repudiou o comunicado. Segundo nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores venezuelano, a mensagem brasileira emite “comentários carregados de profundo desconhecimento e ignorância sobre a realidade política na Venezuela”. 

Os venezuelanos ainda consideram que o comunicado brasileiro “parece ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”.

“O governo venezuelano tem mantido uma conduta fiel aos princípios que regem a diplomacia e as relações amistosas com o Brasil, em nenhuma hipótese emite e nem emitirá juízos de valor sobre os processos políticos e judiciais que ocorrem naquele país, consequentemente, tem a moral para exigir o mais estrito respeito pelo princípio da não ingerência nos assuntos internos e na nossa democracia, uma das mais robustas da região”,

afirmou o ministério da Venezuela

*Com informações da Agência Brasil