RIGOROSA ESTIAGEM

Governo não vê risco de desabastecimento de água e alimentos, neste momento, em RR

Estado vai perfurar 50 poços artesianos e intensificar a fiscalização de queimadas por Roraima

Equipe do Governo de Roraima durante coletiva de imprensa sobre a estiagem (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Equipe do Governo de Roraima durante coletiva de imprensa sobre a estiagem (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O governo estadual avalia que, por enquanto, apesar da forte estiagem desta temporada, não há risco de desabastecimento de água, alimentos, combustível e energia em Roraima. A avaliação foi feita durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (16), no Palácio Senador Hélio Campos. Na oportunidade, a equipe governamental anunciou a campanha Verão Seguro, pacote de medidas de preparação e resposta ao intenso calor que afeta o Estado.

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O presidente da Caer (Companhia de Águas e Esgotos de Roraima), James Serrador, afirmou que a companhia está preparada para fazer a captação submersa de água por meio de bombas, desde que o nível do rio Branco, o principal de Roraima, não fique em torno de 30 centímetros negativos.

“Se o rio baixar muito, essas bombas começam a sugar detrito e compromete [os equipamentos]”, alertou. “Numa situação de extrema estiagem do rio, nós temos condições hoje de acoplar mais uma bomba de 300 cavalos da balsa para a adutora de 900 milímetros. É uma situação excepcional, mas a gente já está com essa estimativa”.

O governador Antonio Denarium durante coletiva de imprensa sobre a estiagem (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O governador Antonio Denarium (Progressistas), por sua vez, diz não acreditar em desabastecimento de alimentos, energia e combustíveis, ao citar a possibilidade de chuvas nas cabeceiras dos principais rios da Amazônia, como Solimões, Negro e Amazonas. “Não haverá desabastecimento de alimentos e combustíveis”, afirmou.

A Caer também iniciou um processo licitatório para contratar empresa especializada para perfurar 30 poços artesianos no interior e 20 na capital de Roraima. “É uma ação efetiva pra que se a situação se complicar ainda mais a gente te ruma resposta adequada”, disse Serrador.

Conforme a Agência Nacional de Águas (ANA), o nível do Rio Branco está em 91 centímetros nesta segunda-feira (16) – início de período seco. O dado se aproxima de mínimas alcançadas apenas no final dessa época, a exemplo dos 59 centímetros negativos registrado em fevereiro de 2016.

A equipe governamental informou que as últimas tempestades não aumentaram o nível do principal curso d’água, porque é necessário que se chova nas cabeceiras. Boletim Hidrometeorológico da Femarh (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos) desta segunda diz que, nos últimos cinco dias, choveu aproximadamente 25 milímetros em Roraima.

O documento ainda reforça previsão de chuvas abaixo da média e temperaturas acima da média de outubro a dezembro. O calor intenso é derivado do fenômeno El Niño, responsável pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, culminando em altas temperaturas na região.

Fumaça de Manaus e focos de incêndio

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Anderson Carvalho de Matos, afirmou que a equipe não identificou a fumaça de Manaus no Estado, mas não descartou a chance de ela chegar a Roraima ou até a formação dela pelas queimadas no próprio território. Ele destacou que o Governo vai fazer uma campanha preventiva para esclarecer a população sobre os riscos da propagação de incêndios florestais.

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Anderson Carvalho de Matos, durante coletiva de imprensa sobre a estiagem (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Durante a coletiva, o pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Haran Xaud, explicou que a repetição de incêndios florestais criou um cenário de vulnerabilidade para a vegetação em Roraima, o que facilita na propagação rápida das chamas.

“Na medida que existe apenas um evento de incêndio florestal, essa floresta se altera, árvores caem e morrem em até três anos. E essa mortalidade de árvores vai ficar mais predisposta à queimada e de forma mais intensa, em cada verão normal que tiver, sem El Niño”, avaliou.

Por sua vez, Denarium disse que o Estado vai intensificar a fiscalização e autuar quem pratica crimes ambientais “Não façam queimada de roça sem licença ambiental efetuada pela Femarh. Não podemos deixar que o Estado de Roraima se transforme em um foco de chamas, de incêndios florestais”, disse.

O governador enfatizou que, conforme a Femarh, 85% dos focos de calor ocorreram dentro das comunidades indígenas. “A responsabilidade é de todos, dos indígenas, médios, grandes e de toda a população que vive no perímetro urbano de cada cidade”, afirmou.

Segundo a Femarh, Roraima já superou, em apenas 16 dias de outubro de 2023, a média histórica de queimadas: foram 203 registros, 91% a mais que a esperada para todo o mês. Além disso, o número superou em 73% o registrado em outubro de 2022.

Medidas

Das medidas anunciadas para preparação e resposta ao intenso calor que afeta o Estado, estão:

Gabinete integrado de gestão, composto por secretarias, órgãos e autarquias estaduais, para concentrar as decisões sobre o enfrentamento à estiagem;

Permuta quinzenal da Operação Guardiões do Bioma, do Ibama (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), concentrada em Alto Alegre, Amajari, Cantá, Caracaraí, Iracema, Mucajaí, São João da Baliza e Rorainópolis;

Equipe de busca e salvamento para atender ocorrências de possíveis afogamentos.

“A cada sete dias, vamos nos reunir sobre as propostas e, na medida em for reduzida a estiagem, vamos diminuir o ritmo da operação”, disse o comandante-geral do Corpo de Bombeiros.