JIU-JITSU

João Romão retorna após cirurgia e especialista explica recuperação

Atleta volta de lesão no ombro e prova resiliência. Por pouco não largou o esporte. Entrevista ping-pong incentiva recomeço

João Romão retorna após cirurgia e especialista explica recuperação

Representante de Roraima no Open IBJJF Jiu-jitsu Championship 2025, o faixa marrom João Victor Romão, de 19 anos, casca-grossa da Roraima Top Team, lutou pelo adulto e peso leve, faturou prata na categoria Gi e bronze na categoria NoGi, o atleta viveu o retorno meteórico, após oito meses de fora, devido uma cirurgia no ombro esquerdo. O ouro não veio, mas ele provou que pode ditar o alto ritmo diante dos grandes lutadores do continente.

O drama

João Victor Romão esteve afastado das competições de alto nível por três anos, devido a uma fratura no ombro esquerdo, que resultou em mais de seis lesões. Passou pela lesão de “Bankard”, ressuscitou como ‘Phoenix’.

“Durante esse período, enfrentei uma cirurgia delicada e encarei oito meses de recuperação, com tudo isso nunca pensei em desistir, treinando dentro do que era possível e praticando outros esportes além do jiu-jitsu”, disse João Victor Romão.

O ortopedista e traumatologista, Dr. Ilderson Pereira, responsável pela recuperação do lutador explica, detalhe por detalhe, o processo evolutivo e resiliente de João, incentivando aos novos competidores a não ficarem para trás, quando se trata do Bankard.

Após a cirurgia, João se comprometeu 100% com a recuperação. “Minha vida mudou completamente. Eu sabia que teria que fazer tudo em dobro: fisioterapia, musculação, treinos, estudos, mudanças de hábitos e alimentação, mas desistir jamais, nunca”, disse João Victor Romão.

João Victor Romão se destaca por ter sido eleito por 10 anos consecutivos, como o melhor atleta do Estado de Roraima e por três anos o melhor atleta do Amazonas, pela FJJAM, além de centenas de títulos estaduais, nacionais e internacionais.

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Entrevista com médico ortopedista Ilderson Pereira

Sobre o caso do atleta:
1. Qual foi exatamente o tipo de lesão que ele(a) sofreu?

Lesão de Bankart acontece quando o osso do braço (úmero) desloca e rasga a parte da frente da cartilagem ou do ligamento do ombro, chamado lábio glenoidal. Isso deixa o ombro mais “frouxo” e propenso a novas luxações.
Lesão de Hill-Sachs é uma “amassadura” ou fratura por impacto na parte de trás da cabeça do úmero, que ocorre quando ele bate contra a borda da cavidade do ombro na luxação.

  1. O que torna essa lesão comum (ou não) entre atletas de alto rendimento?
    Movimentos explosivos e forçados: Isso aumenta o risco de luxação anterior do ombro. Traumas de contato: geralmente as quedas no Jiu Jitsu geram impactos diretos que forçam o ombro a sair do lugar as vezes.
    Repetição e sobrecarga: A repetição constante de movimentos de alto impacto ou força pode enfraquecer os estabilizadores do ombro.
    Idade jovem e alta exigência: Atletas jovens (como um de 20 anos) têm tecidos mais elásticos, que podem sofrer mais com instabilidade após a primeira luxação.
    1. A cirurgia era realmente indispensável ou havia outras opções?
      A cirurgia nesta idade e pelo esporte que ele pratica é a única opção.

Sobre o processo de recuperação:

  1. Quais foram os principais desafios durante o pós-operatório?
    Principal é Adesão ao tratamento: seguir todas as orientações médicas é essencial para bom resultado.
    Imobilização: usar tipoia por 4-6 semanas
    Preocupação sempre é com a Dor, infeção e rigidez: controlar a dor e infecções, e evitar que o ombro fique “duro”.
    Fisioterapia: exige disciplina para recuperar movimento e força sem forçar demais.
    Risco de nova lesão: voltar muito cedo ao esporte pode causar recidiva.
  2. Quanto tempo, em média, um atleta leva para se recuperar de uma lesão como essa?
    Aproximadamente 4-6meses: O tempo exato depende do grau da lesão, da cirurgia e da resposta à reabilitação. Porém ele por ser atleta novo, tem boa recuperação devido sua memória muscular. Neste caso em si facilita muito para mim por ser ortopedista e praticante do Jiu Jitsu. Ajuda a orientar e a recuperar mais rápido por entender o esporte, que foi o caso dele que retornou rápido e voltou a competir em alto rendimento.
  3. Qual o papel da fisioterapia e da disciplina do atleta na recuperação?
    Papel da fisioterapia: Recuperar movimento sem dor. Fortalecer os músculos que estabilizam o ombro. Evitar rigidez ou aderências. Preparar para movimentos esportivos seguros.
    A disciplina é 100% seguir o tratamento proposto por nós ortopedista e pelo fisioterapeuta.

Sobre retorno ao esporte:

  1. Existem riscos ao voltar a competir após uma cirurgia como essa?
    Recidiva (nova luxação): se voltar antes do tempo.Rigidez ou dor: se a reabilitação não for completa. Fraqueza muscular: se não fortalecer o ombro adequadamente. Lesão óssea ou capsular residual: dependendo da gravidade inicial.
    Porém seguindo toda orientação muito difícil isso acontecer.
  2. Que sinais indicam que o corpo está pronto para o retorno?
    Força muscular equilibrada e Estabilidade articular, comparada ao outro lado do ombro; e sua confiança é tudo com movimentação completa e sem dor no ombro.
    Avaliação ortopédico e do fisioterapeuta liberando para o esporte.
  3. O acompanhamento médico ainda é necessário após o retorno aos treinos?
    Necessário e fundamental o retorno para reavaliação a medida que vai avançando as fases nos treinos.

Mensagem final:

  1. Que conselho o senhor daria a atletas lesionados que estão prestes a passar por cirurgia?
    Encarar a cirurgia como um passo para voltar mais forte, paciência e siga todas as orientações médicas, com disciplina, respeitando o repouso, fisioterapia certinho e não apresse o retorno, confiar na equipe médica e também no seu professor da equipe da academia, lembrando que objetivo não é só voltar a competir, mas competir com segurança.
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