Urna é extremamente segura, mas transparência precisa melhorar, diz perito

Embora reconheça a segurança do equipamento, Leonardo de Almeida Dias afirma existir a possibilidade de que ele possa ser violado

Perito criminal da área de informática da Polícia Federal, Leonardo de Almeida Dias defendeu que as urnas eletrônicas brasileiras são “extremamente seguras” e que, desde o Brasil passou a adotá-las em 1996, nenhuma fraude foi comprovada. Por outro lado, ele reiterou o que apontaram estudos realizados desde 2002: que os equipamentos são inauditáveis e a transparência do processo eleitoral precisa melhorar. As afirmações foram feitas nesse domingo (13), no programa Agenda da Semana, da Folha FM (veja a íntegra da atração ao final da reportagem).

Embora reconheça a segurança das urnas, Dias afirma existir a possibilidade de que elas possam ser violadas. “Como existe, na teoria, essa possibilidade existe o questionamento. Lamentável em certo aspecto a postura do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] em não evoluir nesse sentido. Não acredito que houve fraude, mas existe essa possibilidade”, destacou ele, rechaçando ainda teorias apresentadas em um canal argentino no Youtube, de que não há embasamento científico algum.

Formado em Processamento de Dados e aluno de Mestrado em Ciência da Informação, Leonardo de Almeida disse que sua dissertação, que ainda está na fase de pesquisa, pretende propor uma segunda geração de urnas eletrônicas para garantir a transparência, com um “meio termo” entre a votações eletrônica e impressa. As propostas são: separar o terminal do mesário da urna; tornar público o código-fonte para quem quiser investigá-lo; e imprimir uma cédula eletrônica autenticada por um certificado digital para atestar o voto.


O radialista Natanael Vieira entrevistou o perito criminal da área de informática da PF, Leonardo de Almeida Dias (Foto: Reprodução)

Ele afirmou que o voto impresso, no meio acadêmico, é considerado uma evolução da primeira geração de urnas eletrônicas e disse que estudiosos são unânimes de que essa cédula é o mecanismo necessário “pra garantir eleições eletrônicas com transparência”. Dias citou exemplos de países, como a Holanda, que readotou o voto impresso após comprovar que conseguiu violar a urna, e a Índia, que passou a adotar a segunda geração.

“Se toda pesquisa mundial diz que desde o surgimento das primeiras urnas eletrônicas, que o voto impresso é o caminho pra garantir a auditabilidade, e aqui o STF [Supremo Tribunal Federal] disse ele que é inconstitucional, a gente precisa buscar um meio termo”, explicou.

O perito mandou um recado para os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais por 50,90% a 49,10%. “O presidente da preferência perdeu, mas o governador, deputados, ganharam. A partir do momento que você questiona a eleição pra presidente, você acaba questionando os outros resultados. O culpado do resultado das eleições é a urna eletrônica”, declarou.

Confira a íntegra do Agenda da Semana – 13/11/2022